Numa ação inédita, a diretoria da Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou nesta sexta-feira (1º de maio) a primeira reunião virtual dos delegados. O encontro usou a plataforma Zoom para conectar 15 delegados regionais e 12 dirigentes e coordenadores de área, que discutiram os principais problemas de cada região do Estado e apresentaram soluções pontuais.
Joji Kimura, coordenador técnico da FPJudô, iniciou a reunião apresentando as resoluções colocadas em prática desde que a entidade teve de suspender as atividades, seguindo as determinações do governo do Estado.
“Estamos preparando um documento para estabelecer recomendações e diretrizes da comissão escolar da FPJudô, que deve ficar pronto no máximo até a próxima semana e será compartilhado no grupo dos delegados. Estamos produzindo também um questionário que visa a identificar qual seria o comportamento das pessoas pós-pandemia. Buscamos obter indicadores que nos permitam ser mais assertivos. Faremos eventos regionais ou estaduais? Teremos eventos grandes ou pequenos? De que forma iremos aproximar-nos do nosso público efetivamente? As respostas ao questionário certamente mostrarão caminhos”, previu Kimura.
O coordenador técnico paulista revelou que Comitê Olímpico do Brasil já está fazendo prospecções sobre a viabilidade de algumas competições no segundo semestre, mas tudo ainda está no campo do estudo e da análise das numerosas possibilidades, que esbarram em medidas que envolvem decisões das áreas da saúde e sanitárias.
Na sequência Alessandro Puglia apresentou o manual de procedimentos para reabertura de escolas e dojôs de judô, elaborado pela Comissão Científica da FPJudô.
“Ainda não sabemos por quanto tempo o governo estadual manterá a quarentena, mas pensando já no pós-pandemia, pedimos para o pessoal da Comissão Científica da federação elaborar um manual com os procedimentos para a retomada das atividades nos dojôs, e hoje estamos entregando o protocolo a todos vocês. O manual atende às exigências e normas das principais entidades de saúde do mundo e é muito didático. Apresenta uma série de medidas que devemos tomar pensando no bem-estar dos nossos filiados e dos professores. Com intuito de atestar a seriedade com que estamos encarando a pandemia, enviaremos este material para as secretarias municipais e a Secretaria de Esportes do Estado”, explicou Puglia, que também anunciou uma importante inovação da entidade.
“Na próxima semana lançaremos a nova plataforma do portal da federação paulista que, a partir de agora,será uma importante ferramenta de gestão para todos nós. Haverá muitas novidades, mas a mais importante é que todas as delegacias terão uma espécie de hotsite dentro do nosso site para fazer a gestão interna e comunicar-se diretamente com os professores filiados. Estamos entregando ainda um vídeo com todas as dicas para melhor utilização dessa nova importante ferramenta”, anunciou o vice-presidente da entidade.
Na sequência Francisco de Carvalho agradeceu a presença de todos e destacou a importância de ser mantida a unidade em torno da gestão, nesta situação que todo o planeta experimenta.
“Vivemos um momento inusitado e muito difícil para todos nós, mas apesar das adversidades eu não tenho dúvida alguma da unidade do nosso grupo. Aliás, não somos apenas um grupo. Somos um bloco fechado que preza e prima pelos destinos do judô no Estado de São Paulo. Defendemos a mesma posição e os mesmos pontos de vista pelo bem comum dos judocas paulistas. Temos enorme preocupação com os nossos filiados e é por isso que pedimos a todos vocês que, assim como estamos fazendo hoje, marquem reuniões com seus filiados, ouçam sugestões e, acima de tudo, fiquem próximos a eles. Vocês sabem quais professores estão numa situação mais delicada e precisam de maior apoio”, recomendou o dirigente.
Delegados aprovam formato
de reunião virtual
Todos delegados aprovaram o novo formato da reunião que aproxima a liderança num momento em que todas as atividades empresariais e esportivas estão paralisadas em São Paulo. Entre eles estavamHissato Yamamoto (1ª DRJ Capital), Cláudio Calasans Camargo (2ª DRJ Vale do Paraíba), Argeu Maurício de Oliveira (3º DRJ Centro-Sul), Raul de Mello Senra Bisneto (4ª DRJ Alta Paulista), Wilmar Terumiti Shiraga (5ª DRJ Noroeste), Fábio de Almeida Feltrim (6ª DRJ Araraquarense),Jiro Ayoama (7ª DRJ Sudoeste), Sidnei Paris (8ª DRJ Oeste), José Gildemar de Carvalho (9ª DRJ ABC), Leandro Tomé Correa (10ª DRJ Central), Júlio César Jacopi (11ª DRJ Litoral), Cléber do Carmo (12ª DRJ Mogiana), Akira Hanawa, (14ª DRJ Vale do Ribeira), Celso de Almeida Leite (15ª DRJ Grande Campinas) e Takeshi Yokoti, (16ª DRJ Sul Itapeva).
Um dos mais antigos delegados paulistas, Cláudio Calasans (2ª DRJ Vale do Paraíba),enfatizou a esperança de a crise ser superada pelo judô paulista. “Enfrentamos crises gigantescas e não vai ser esta que irá nos derrubar. Com relação a superação, lembro que o Chico é o mestre da superação e se ele está falando que será possível superar esta crise, tenho plena convicção de que juntos iremos conseguir.”
Argeu Maurício de Oliveira (3º DRJ Centro-Sul) foi um dos delegados mais otimistas e positivos do encontro. “O judô é muito mais que um simples esporte. Diz a cultura japonesa que é na crise que nós temos de mostrar nosso valor, e temos de mostrar que o judô é muito mais que uma simples competição. Judô é saúde. A criançada está presa dentro de casa engordando e tendo problemas sérios de saúde, e os dojôs estão vazios. Temos de mostrar que o foco está errado. As pessoas precisam de atividade física, o que resultará em maior equilíbrio e saúde física e mental.”
Raul de Mello Senra Bisneto (4ª DRJ Alta Paulista) destacou a paranoia generalizada que tomou conta dos governos dos municípios que compõem a sua delegacia. Medidas extremas que estão até fechando e isolando cidades inteiras, assim como as atividades empresariais, agrícolas e clubísticas, o que impossibilita a retomada do judô na região. “Os professores estão tendo a iniciativa de realizar aulas e cursos virtuais, mas a atividade federativa e nos dojôs está totalmente paralisada”, explicou Senra.
Jiro Ayoama (7ª DRJ Sudoeste)destacou o ineditismo que o mundo vive neste momento e recomendou uma nova visão no tocante à saúde dos filiados. “Penso que todos nós temos de ser otimistas quanto ao futuro, temos de trabalhar muito e, além das técnicas, do shiai e o treinamento em si, devemos conscientizar nossos alunos com relação aos cuidados com a saúde utilizando, se possível, terapias alternativas”, disse o delegado regional, que também é terapeuta.
Sidnei Paris (8ª DRJ Oeste) reiterou as palavras do colega da 3º DRJ Centro-Sul. “Entendo que o Argeu está certíssimo. O judô exerce um papel socioeducativo de fundamental importância e relevância e temos debuscar nosso espaço dentro do cenário atual.”
José Gildemar de Carvalho (9ª DRJ ABC) assumiu o compromisso de realizar reuniões virtuais periódicas para manter os professores focados na volta das atividades de todos os dojôs do Estado de São Paulo.
Leandro Tome Correa (10ª DRJ Central) destacou a importância de serem apontados dados positivos de tudo que está acontecendo, visando a mudar o quadro negativo e pessimista que tanto é alardeado pela mídia e os governos estaduais. “Ficar falando de coisas ruins não vai ajudar em nada. Preferimos nos apegar aos casos de cura e recuperação, pois cedo ou tarde isso vai acabar. Apoio totalmente as palavras do Argeu. Temos de ter atitude e nos reinventarmos e ser multiplicadores de boas notícias.”
Externando enorme positivismo e muita segurança, Cléber do Carmo (12ª DRJ Mogiana) prevê que no segundo semestre as atividades esportivas voltarão a todo vapor e que a equipe da federação terá de trabalhar dobrado para recuperar o tempo perdido neste primeiro semestre. “A FPJudô é muito grande e é muito forte, temos de organizar-nos porque nós vamos sim realizar os campeonatos propostos para esta temporada, os módulos, exame de graduação e tudo aquilo que havíamos projetado. Se não der para realizar uma Copa São Paulo com 3.500 judocas, façamos então com 1.500 para fecharmos o ano com sucesso total.”
Delegado da segunda maior delegacia do judô paulista, Celso de Almeida Leite (15ª DRJ Grande Campinas), entende que ainda é muito cedo para elaborar qualquer prognóstico. “Entendo que devemos aguardar até o dia 11, quando o governo do Estado promete retomar atividade comercial e empresarial. O orçamento das prefeituras este ano estará comprometido com a saúde e devemos enfrentar mais dificuldades. Mas espero voltar às atividades no início do segundo semestre. A reunião é importantíssima e devemos realizar estes encontros com maior frequência daqui por diante e vamos implantar o mesmo modelo na Grande Campinas.”
Participaram do encontro José Jantália, vice-presidente da FPJudô; Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJudô; os professores Antônio Mesquita, presidente do TJD da FPJudô; Kendi Yamamoto, coordenador de arbitragem da 1ª DRJ Capital; Fernando Ikeda, secretário do TJD e da Comissão de Ética e coordenador do departamento de oficiais técnicos da FPJudô; Flávio Augusto Ribeiro e Mário Manzatti, assessores da presidência da FPJudô.
Encontro positivo
Para Joji Kimura, a reunião foi o início de uma transformação que teve como pontos altoso contato, a reaproximação e a retomada do diálogo no grupo gestor da FPJudô.
“Estamos enfrentando muitos desafios neste momento e nosso grupo estava realmente muito distante. Nossa iniciativa visavaà aproximação para que, de alguma forma,nós sensibilizássemos os delegados a dividir com os demais dirigentes informações sobre todas as regiões do Estado. A FPJudô sempre foi protagonista em vários aspectos, e neste momento precisamos ser proativos. Confesso que fiquei muito feliz ao ver os delegados participando de forma tão ativa e otimista”, disse Kimura.Ele concluiu lembrando que está na gestão da federação paulista para praticar um dos principais fundamentos do judô, o jita-kyoei.
“Estou no judô porque gosto e toda a minha família sempre atuou no judô. É muito importante para mim poder contribuir e agregar valor ao processo de gestão da federação paulista. Por 12 anos fui tesoureiro, atuei oito anos como delegado e mais oito como diretor técnico, e minha intenção é contribuir. No momento em que eu perceber que minha participação não está mais somando no processo é porque chegou a hora de passar o bastão e seguir meu caminho. Nós precisávamos reaproximamo-nos dos nossos diretores e delegados, e felizmente atingimos este objeto”, comemorou o dirigente.
Parabenizando toda diretoria pela importante iniciativa, José Jantália avalia que o diálogo e a troca de informação são as principais ferramentas no combate à crise que se instalou em nosso País.
“Uma das prioridades nesse momento é que a diretoria da federação paulista busque compreender o que os delegados regionais e demais dirigentes estão vivenciando neste momento tão grave, pois são estas pessoas que têm contato com os professores da capital e do interior. Com base nestas informações poderemos traçar medidas que minimizem o impacto da pandemia. Entendo que em breve esta crise passará, mas temos que buscar soluções que encurtem o processo de isolamento no judô”, disse.
Alessandro Puglia aprovou o formato da videoconferência, a conduta positiva e o protagonismo dos delegados regionais.
“Minha avaliação do encontro desta sexta-feira é altamente positiva. Fazia muito tempo que não nos reuníamos e felizmente o encontro ocorreu no momento certo para darmos o start em várias iniciativas que estamos levando a cabo, bem como fazer algumas projeções sobre ações futuras que serão realizadas oportunamente. Ficamos a par dos problemas comuns que estão acontecendo em todas as regiões do Estado e discutimos medidas que poderão ser adotadas.”
“Como ponto alto do encontro aponto a apresentação e o lançamento oficial do manual de procedimentos para reabertura de escolas e dojôs de judô, ações específicas para o judô escolar e o anúncio da nova plataforma do portal da FPJudô”, prosseguiu Puglia.“Acho que estas inovações motivaram muito os nossos delegados.Teremos pouco tempo e um calendário apertadíssimo no segundo semestre, mas a prioridade número 1é estabelecer de que forma retomaremos nossa atividade.Nesse sentido, acredito que demos um passo gigantesco com esta primeira reunião virtual. Nossa segunda meta é nos prepararmos e readequarmos para os novos tempos que estão por vir.”
Fazendo um balanço geral, Francisco de Carvalho destacou a adesão expressiva de dirigentes e delegados regionais ao encontro.
“Fiquei realmente surpreso com a quantidade significativa de dirigentes e delegados já neste primeiro encontro realizado por meio da plataforma Zoom. Acredito que esta é uma tecnologia que veio para ficar e que deverá promover profundas mudanças na gestão empresarial e esportiva no pós-pandemia. Somente o professor André da Costa Gonçalves, delegado da 13ª DRJ Alta Sorocabana, não pôde participar, devido a problemas técnicos.”
“Tivemos avanços expressivos e pudemos resolver muita coisa que demandava decisão do colegiado. Este encontro foi um marco e estou certo de que, por meio de reuniões periódicas, poderemos definir as ações no curto prazo e responder a questões que preocupam grande parte de nossa comunidade”, disse o presidente da FPJudô que concluiu prevendo um novo momento da gestão esportiva.
“Nas últimas semanas, os presidentes das 27 federações estaduais de judô reuniram-se virtualmente para discutir e apresentar propostas em torno do momento atual. Agora a FPJudô adotou o mesmo formato de conferências virtuais. Entendo que daqui por diante a tecnologia digital fará parte do dia a dia de todos os dirigentes. As entidades e organizações que não entrarem definitivamente na era digital perderão tempo e dinheiro e ficarão isoladas”, previu Chico do Judô.
Por: Paulo Pinto
Fotos: Budopress/Arquivos F.P.Judô
