Técnicos e dirigentes que participaram do encontro © FPJCOM
A coordenação técnica da Federação Paulista de Judô (FPJudô) reuniu neste sábado (16), no Centro de Excelência Esportiva de judô e atletismo em São Bernardo do Campo, técnicos, medalhistas olímpicos e dirigentes para ouvir propostas e sugestões que fundamentarão o sistema que será adotado para devolver ao judô paulista a supremacia técnica nacional e continental.
Fundada em 17 de abril de 1958, a FPJudô viveu momentos marcantes em sua história, entre os quais a compra da sede própria em 1980, na gestão do professor Katsuhiro Naito, local que hoje abriga o setor administrativo, a sala de troféus e o Centro de Aperfeiçoamento Técnico (CAT). A eleição que pôs fim ao mandato tampão e elegeu o professor Francisco de Carvalho no fim da década de 1990. Outro acontecimento emblemático foi a reunião, no Esporte Clube Pinheiros, das principais lideranças nacionais que, sob o comando de Paulo Wanderley Teixeira, Simbaldo Pessoa e Chico do Judô, determinaram o fim a era Mamede. A FPJudô foi pioneira no uso de tatamis sintéticos – fabricados na Bélgica. Outro fato marcante ocorreu quando o ex-presidente Francisco de Carvalho levou mais de duas centenas de professores para assistirem aos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996 e ao Campeonato Mundial de Paris, em 1997.
Por fim, após quase dois anos de pandemia que engessou o judô paulista, sem falar na falta de medalhas de judocas do Estado no mundial sub 21, o presidente da FPJudô, Alessandro Puglia, tomou a iniciativa de reunir os players da área técnica de São Paulo para analisar a situação atual e retomar os treinos abertos e conjuntos, que desde a era da Rua França Pinto ocorriam às terças e quintas-feiras e aos sábados. Quase todos que participaram da reunião deste sábado ainda se lembram dos treinos realizados na Vila Mariana e depois no CAT da Água Branca.
Segundo Arnaldo Queiroz, secretário-geral da federação, o encontro estava repleto de professores e técnicos notáveis. “Foram a São Bernardo cerca de 40 professores que ratificam a força do judô do Estado de São Paulo. Lá estavam medalhistas olímpicos e nomes como Aurélio Miguel, Douglas Vieira, Henrique Guimarães e Luís Onmura. O primeiro a falar foi o professor Douglas Vieira, supervisor de judô do Club Athletico Paulistano e técnico da seleção brasileira masculina sub 21, que esteve com a equipe nacional em Ólbia, na Itália. Ele falou da dificuldade do treinamento pós-covid, enfatizou que a ausência de medalhas foi um resultado fora da curva, um tropeço, principalmente por falta do ritmo.”
Também falaram os professores Henrique Guimarães, Paulo Pi, Aurélio Miguel, Tadeu Uehara, Mário Tsutsui, Hatiro Ogawa, Arnaldo Menani, Luís Onmura e Uichiro Umakakeba.
Os tópicos mais comentados pelos técnicos paulistas foram: qualidade e intensidade de treinamento de randori. A necessidade dos treinos abertos foi reconhecida por unanimidade. A respeito da base falou-se sobre a falta dos professores que já se foram e, em função disso, enfatizou-se a urgência de cobrar os atuais professores de reforçar os fundamentos técnicos da modalidade, já que, sem base técnica, não adianta treinar volume. Falou-se também da necessidade de os clubes adotarem uma preparação física baseada na ciência.
Contudo, o fato de a federação paulista ter reunido alguns dos principais técnicos e professores para conversar sobre esses assuntos foi muito positivo e muito elogiado por todos.
Um ponto que vale destaque especial é o fato de que no Japão todo o stakholder envolvido com o alto rendimento das principais categorias frequentam e participam dos principais eventos no exterior como grand slams, grands prix e mundiais acompanhando seus atletas, enquanto os brasileiros observam tudo a distância, o que não contribui no processo de amadurecimento dos profissionais e técnicos.
Segundo a maioria dos que lá estavam, foi um encontro histórico que certamente será lembrado como um marco da nova gestão da FPJudô. Outra reunião deve realizar-se durante a seletiva para o Meeting Interestadual, nos dias 23 e 24 de outubro, na Arena Olímpica.
Falando pelos técnicos que participaram do encontro, Douglas Vieira entende que foi dado o primeiro passo para resgatar a habitual hegemonia paulista.
“A reunião foi uma retomada da diretoria para melhorar e unir o judô paulista, com a preocupação voltada para as várias categorias e para a compreensão da fusão da prática com a ciência, além, é claro de reconduzir novamente o judô paulista a ser vencedor”, disse.
O último depoimento foi realizado pelo presidente Alessandro Puglia, que mais uma vez enfatizou que o compromisso de sua administração é com a transparência e com o crescimento técnico.
“Acredito que nossos objetivos nesse primeiro encontro foram todos atingidos. Nossa gestão será voltada prioritariamente a reformulação dos conceitos de gestão e ao desenvolvimento técnico do judô paulista.”