Eduardo Lemos do Sesi aplica contragolpe (kaeshi-waza) em Cauã Yuta Yokota Kiwada da Associação de Judô Araçatuba, que após o ippon se recuperou e conquistou a medalha de bronza © fpjcom
Com o apoio da Prefeitura e da Secretaria Municipal de Esportes e Cultura de São Carlos, a 8ª Delegacia Regional Oeste da Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou a final do Campeonato Paulista Sub 21, que reuniu 173 judocas, no imponente Ginásio Poliesportivo Milton Olaio Filho, na Vila Lutfalla, em São Carlos (SP).
Uma das competições mais fascinantes do calendário esportivo da FPJudô, a final do Campeonato Paulista Sub 21 foi disputada no dia 4 de junho por 69 agremiações, entre elas as principais equipes do Estado de São Paulo, que apresentaram alto nível competitivo e excelente qualidade técnica. Classificaram-se para a final 173 judocas (93 homens e 80 mulheres).
A cerimônia de abertura do Campeonato Paulista Sub 21 de 2023 reuniu autoridades políticas e esportivas, mas o que chamou mais atenção foi a presença de quatro medalhistas olímpicos que hoje atuam no comando técnico de grandes equipes paulistas.
Douglas Eduardo Vieira, prata em Los Angeles1984, hoje é o supervisor de judô do Clube Athletico Paulistano; Leandro Marques Guilheiro, bronze nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004 e em Pequim 2008, é o head-coach do alto rendimento do sub 18, sub 21 e sênior do Esporte Clube Pinheiros; Henrique Carlos Serra Azul Guimarães, bronze em Atlanta 1996, é o coordenador-geral do judô do Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo; e Carlos Eduardo Honorato, prata em Sydney 2000, integra a comissão técnica do Clube Paineiras do Morumby.
Entre as autoridades estavam Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Sérgio Barrocas Lex, vice-presidente da FPJudô; Sebastião Alexandre da Cunha, o Sebá, chefe de projetos e planejamento da Secretaria de Esporte e Cultura de São Carlos; Arnaldo Luiz de Queiróz Pereira, secretário-geral da FPJudô; Marco Aurélio Uchida, coordenador técnico da FPJudô; Takeshi Yokoti, coordenador de arbitragem da FPJudô; Alexandre Drigo, coordenador científico da FPJudô; Hatiro Ogawa, ex-presidente da FPJudô; Juliana Cesana, delegada do CREF4/SP; e os delegados regionais Sidnei Paris (8ª Oeste); Cléber do Carmo (12ª Mogiana); André Gustavo Costa Gonçalves (13ª Alta Sorocabana); Wilmar Terumiti Shiraga (5ª Noroeste); Fábio de Almeida Feltrin (6ª Araraquarense); José Gildemar de Carvalho (9ª ABC); Celso de Almeida Leite (15ª Grande Campinas) e Takeshi Yokoti (16ª Sul Itapeva).
Completaram a mesa de honra os professores kodanshas Arnaldo Gentil Menani, Paulo Ricardo Castellanos, Edinho Alcarde Everaldo, Pedro Edson Nery de Paiva, Marcos Francisco da Silva, Marcos Elias Mercadante, Eduardo Freire e Paulo Ferraz Alvim Muhlfarth, o Paulo Pi, que também é vereador de Atibaia pelo Podemos.
Os melhores atletas da nova geração do judô paulista disputaram as medalhas e os pontos do ranking estadual. Nesse cenário estavam as principais agremiações do alto rendimento do Estado de São Paulo, e o resultado dessa equação foi uma competição eletrizante como há muito tempo não se via.
O Esporte Clube Pinheiros e o Sesi Bauru descolaram-se das demais equipes e fizeram uma disputa bastante acirrada, que no fim premiou a equipe com melhor retrospecto na temporada. Mas até a última rodada a competição foi emocionante, pois ambas as equipes foram a São Carlos com força máxima, dentro daquilo que permitia o regulamento.
Das 69 agremiações classificadas para a final, apenas sete obtiveram medalhas de ouro: o Sesi levou cinco delas para Botucatu, o Esporte Clube Pinheiros ficou com quatro, São João Tênis Clube, Associação Desportiva Santo André, Assistência Infantil Gota de Leite e Associação Brasileira A Hebraica de São Paulo, conquistaram uma. Da mesma forma, apenas 27 subiram ao pódio.
A equipe que outrora mostrava força e poderio na base cresceu, e hoje encara de igual para igual, e até mesmo supera, as maiores forças do Estado nas principais classes. E foi exatamente isso que ocorreu em São Carlos, onde o Sesi fez dobradinha na final do meio-leve feminino, fazendo campeã e vice, com Giovana Shimada e Júlia Barreto.
No quadro geral o Sesi conquistou dez medalhas, sendo cinco de ouro, duas de prata e três de bronze. Dos cinco ouros, quatro foram alcançados pelo masculino e um pelo feminino: Michel Augusto (60kg), Giovana Shimada (52kg), Vinícius Ardina (73kg), Caio Barbosa (81kg) e Victor Jesus (100kg).
Após a conquista do título do sub 21, Alexandre Dae Jin Lee, coordenador técnico da equipe do judô de rendimento do Sesi, lembrou que muitos atletas que lá estiveram ainda são sub 18 e estão dobrando a categoria.
“Fomos a São Carlos com os 22 atletas classificados para a competição. Muitos deles ainda são juvenis, em cujo desenvolvimento estamos investindo. E disputarem a classe sub 21 faz parte dessa estratégia”, detalhou Alexandre Lee.
“Contudo”, continuou o coordenador técnico do Sesi, “o sub 21 é a classe em que o Sesi concentra sua maior força. Nós temos investido nesses atletas sub 21 pensando lá na frente. Acreditamos neles e trabalhamos para que se edifiquem e se desenvolvam para chegar em 2028 em condições de disputar uma medalha olímpica. O júnior hoje é a nossa classe mais forte, e o resultado que conseguimos mostra que o nosso trabalho é extremamente consistente.”
Lee disse estar totalmente satisfeito com o desempenho da equipe. Temos uma comissão técnica exclusiva que trabalha especificamente com a equipe de judô. É uma equipe multidisciplinar bastante capacitada, formada por excelentes profissionais. Isso é algo bastante importante, faz muita diferença no trabalho do dia a dia com os atletas que contam com este suporte. O professor Marco Inácio é o nosso assistente técnico e o Bruno Teobaldo é o nosso preparador físico. Em São Carlos estávamos também com o Magalhães, que é o nosso fisioterapeuta, além da psicóloga Polyana Fraga.”
Um vice com sabor de vitória, assim os judocas do Pinheiros deveriam comemorar a conquista no Paulista Sub 21, uma equipe forte e aguerrida que foi a São Carlos como apenas oito atletas, disputou seis finais e conquistou quatro impressionantes medalhas de ouro e duas de prata, comprovando a qualidade do trabalho da comissão técnica comandada pelo professores kodanshas Sérgio Baldijão e Leandro Guilheiro.
Com uma atuação bastante marcante no entorno do shiah-jô, o medalhista olímpico Leandro Guilheiro parece estar conseguindo impor seu estilo no comando técnico da equipe sub 21 que atingiu o surpreendente retrospecto de 75% de aproveitamento.
As quatro medalhas de ouro do Clube Pinheiros foram conquistadas por Ronald Oliveira Lima (66kg), Sarah Vieira de Souza (57kg), Nauana Lopes Silva (63kg) e Gabriel Bondezan de Freitas (90kg).
“Hoje não há mais como formar uma equipe robusta sem as três classes – sub 18, sub 21 e sênior – trabalhando em conjunto.”
Mostrando total compromentimento com o desempenho técnico da equipe, Leandro Guilheiro lembrou que atualmente o Pinheiros guarda algumas limitações em relação ao Sesi.
“Com base nessa realidade, nós focamos muito na eficiência e na otimização da equipe. Em geral temos um aproveitamento em torno de 70% nos eventos das categorias de transição, enquanto o das outras agremiações, em geral, gira em torno dos 20% ou 25%. Os nossos atletas têm consciência de que são uma espécie de grupamento de elite e todos já absorveram a nossa cultura de forma bem natural. No dia a dia prezamos uma rotina de trabalho dura e discreta, mas em meio a um clima leve e de cooperação mútua. E isso tudo faz com que lutemos juntos, com muito orgulho do símbolo que ostentamos no peito.”
Guilheiro destacou que tanto o Pinheiros quanto o Sesi passaram por mudança recente na gestão do alto rendimento e que ambos têm obtido bons resultados. “Cada um à sua maneira, é claro, mas isso, em minha avaliação é fundamental para impulsionar o judô brasileiro.”
O head-coach pinheirense destacou que este ano o clube conquistou as duas únicas medalhas do Brasil no Campeonato Mundial Sênior realizado em Doha. “Infelizmente ainda tivemos duas baixas com as lesões da Larissa Pimenta e Ellen Froner, ambas com chances reais de medalha. Avalio que o grande desafio seja manter a homogeneidade da equipe do sub 18, passando pelo sub 21, até o sênior. E temos conseguido fazer isso razoavelmente bem. No ano passado fomos o único clube brasileiro a conquistar medalhas tanto no Campeonato Mundial Sub 21 quanto no Sênior e neste ano temos a chance de repetir o feito, talvez até estendendo para o sub 18. Hoje não há mais como montar uma equipe robusta sem as três classes trabalhando em conjunto.”
Embora isso tudo seja muito desafiador, Guilheiro destaca o papel do grupo de trabalho que envolve os técnicos Denilson Loureço e Maria Suelen Altheman, o preparador físico Lorenzo Capelli, o fisioterapeuta Hamilton Araújo, a psicóloga Fernanda Bolzan, o nutricionista João Pinheiro e a equipe médica, todos sob a supervisão do sensei Sérgio Baldijão, e o empenho do diretor de judô Eduardo Achcar. “Além disso, a parceria dos atletas faz com que o trabalho seja possível e que os objetivos sejam alcançados.”
Olhando para o futuro, o judoca dono de duas medalhas olímpicas e de uma prata e um bronze em mundiais revela seu principal objetivo.
“Eu nunca imaginei desempenhar a função que exerço hoje, mas de certa forma o destino parece ter-me puxado de volta para o judô. Tenho aprendido muito nesta jornada e, de certa forma, vivido esse desafio com a mesma intensidade e emoção que vivi como atleta. Espero de verdade que eu possa fazer alguma diferença na vida destes atletas. Esta virou a minha principal missão e meu principal objetivo.”
Thiago Valadão Fernandes, coordenador técnico e administrativo do clube de Atibaia, considerou o desempenho da equipe no paulista sub 21 acima das expectativas.
“Ficamos muito felizes e orgulhosos dos nossos atletas”, afirmou. “Eles trabalham duro todos os dias para conquistar suas glórias, e em São Carlos, além de um ótimo desempenho, eles conseguiram chegar às medalhas ou nos blocos finais de suas categorias. Ver nossa equipe na terceira colocação geral nos honra muito.”
Valadão destacou que a final de um campeonato paulista é extremamente forte e que muitos atletas que lá estavam buscavam não somente o título, mais também a sua qualificação para o campeonato brasileiro, que soma muitos pontos na corrida para o campeonato mundial, além dos que já brigam por vaga na seleção brasileira principal.
“Gostaria de agradecer o comprometimento de toda a nossa equipe técnica, formada pelos treinadores Paulo (Pi), Robson Greco, Jair Leite e Angélica Silva”, acrescentou. “Agradeço também aos membros da nossa equipe multidisciplinar, composta pelo médico William Oliveira, fisioterapeuta Kelly Horita, psicólogos Luciana Gomes e Roberto Roni e o preparador físico Roger Fonseca, que trabalham duro todos os dias com esses atletas. Apesar de não termos ainda uma estrutura full time como outros clubes, estamos trabalhando para isso e, fazendo um pouquinho por dia, vamos conquistando ótimos resultados.
Thiago Valadão mencionou ainda os projetos socioeducativos, que são a base da equipe de Atibaia desde a base ao alto rendimento.
“Desenvolvemos dois programas. O primeiro é o Projeto Judô Sócio Educativo, em 11 polos na cidade, com cerca de 1.100 alunos de 5 a 17 anos. Nele trabalhamos a iniciação do judô, primeiramente buscando cativar a criança, fazendo com que ela goste do judô e em conjunto moldando seu caráter, socialização e sua formação pessoal. Os alunos que mais se destacam são convidados a participar do Projeto Judô Atibaia – Formação/Participação e Rendimento, no qual atuam cerca de 120 judocas.”
Nessa segunda fase os jovens treinam durante um ano visando à participação em competições. Depois disso, o clube alinha-se com as famílias para iniciar a a participação deles em torneios, campeonatos e treinamentos externos. “E assim eles vão conquistando espaço, destacando-se nas competições e construindo uma carreira sólida no judô”, concluiu Valadão.
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