Joseph Guilherme com a esposa Renata Di Giacomo © Arquivo
Faleceu nesta sexta-feira, em Goiânia (GO), o professor kodansha e ex-atleta da seleção brasileira Joseph Kléber Lizardo Guilherme. Com 50 anos, o multimedalhista lutava contra um câncer no estômago há dois anos.
Praticante de judô desde os 3 anos de idade, Joseph colecionou numerosos títulos estaduais e nacionais e conquistou o pentacampeonato mundial da classe veterano. Foi reserva do campeão olímpico Aurélio Miguel, no meio-pesado, nos Jogos Olímpicos de Atlanta (1996) e suplente da seleção brasileira nos Jogos de Sydney (2000), sendo considerado um dos principais nomes do esporte goiano.
Como professor e técnico, Joseph Guilherme era o sensei responsável pelo tradicional dojô Harai-Goshi, de Goiânia, e formou grandes judocas. Deixa a esposa Renata Di Giacomo, também judoca e sensei, e dois filhos, Isabela (14 anos) e Lucas (4) e os enteados Giovana (25) e Rubens (17).
Dirigentes lamentam a perda irreparável
Alessandro Panitiz Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô (FPJudô) lamentou a perda do amigo e de um dos professores mais expressivos da nova geração.
“Fomos grandes amigos e em 1989 fizemos a final do Campeonato Brasileiro Sênior em Salvador (BA). Além de muito técnico, era um grande estrategista. Fui campeão e ele vice, mas venci nos detalhes. Ele era um adversário fortíssimo. Fora do shiai-jô ele era admirado por todos os judocas. Carismático e solidário, o Joseph defendeu a equipe de São Caetano e a Federação Paulista de Judô por muitos anos e conquistou muitos títulos para São Paulo. Deixa o legado de um grande ser humano e de excepcional judoca”, disse o dirigente paulista.
Josmar Amaral, presidente da Federação Goiana de Judô (Fegoju), lamentou a perda do amigo. “É uma perda imensurável. Foi atleta muito importante, da seleção brasileira. Foi cinco vezes campeão mundial no veteranos. Era uma pessoa muito querida no nosso meio, no Brasil todo.”
Três anos mais velho que Joseph, o professor kodansha Georgton Thome Burjar Moura Pacheco, o Ton, cresceu com o amigo nos tatamis da Associação de Judô Shiozawa.
“O Joseph e eu tínhamos apenas três anos de diferença, nosso querido sensei Shiozawa sempre nos incentivou a aprimorar nosso tokui-waza. Eu gostava muito do uchi-mata, enquanto ele sempre gostou mais do harai-goshi, que era o nome da academia dele. Ele sempre foi gordinho, mas quando atingiu a fase adulta se transformou naquela massa compacta de músculos. Treinava muito com pesos e se sentia muito bem”.
Ton Pacheco detalhou que antes de ir para São Paulo fez dez finais de campeonato goiano absoluto contra o Joseph – e perdeu as dez. “Foram sempre lutas muito duras e na época se praticava o hantei. Eu sempre lutei muito bem contra canhotos, enquanto ele lutava muito bem contra destros. A pedra no sapato dele foi sempre o Aurélio Miguel, que era canhoto e matava seu kumi-kata.”
Depois que foi campeão brasileiro sênior, Ton foi contratado por São Caetano e no ano seguinte conseguiu que a comissão técnica trouxesse Joseph para completar o time no qual conquistou todos os títulos possíveis. “Ele possuía um sorriso e um trato muito bacana. Dividimos momentos incríveis com ele tocando sax. Ficávamos só nos dois na concentração e este era o nosso momento nostalgia. O apelido dele na equipe era Zé Colmeia, enquanto o peso-ligeiro Márcio Revoa, de Santos, era o Catatau. A vida me deu de presente esse irmão com o qual pude dividir uma grande amizade, por muitos e muitos anos”, concluiu Ton Pacheco, que também é o presidente da Federação de Judô do Estado de Tocantins (Fejet).
Memória
15 de março de 2021
Por PAULO PINTO
Curitiba (PR)