O Judô

História do Judô

O JUDÔ teve sua origem quando o Professor Jigoro Kano procurou sistematizar as técnicas de uma arte marcial japonesa, conhecida como “Jujitsu” e fundamentar sua prática em princípios filosóficos bem definidos, a fim de torná-la um meio eficaz para o aprimoramento do físico, do intelecto e do caráter , num processo de aperfeiçoamento do ser humano.

Nesse contexto, invariavelmente surge a questão: Porque chamar de judô ao invés de Jujitsu como já era conhecida a arte marcial?

Para poder entender a razão e a dimensão pretendida por essa mudança, deve-se buscar e interpretação no processo histórico que envolve o cultivo do “Budo ” nas antigas formas de artes marciais do Japão. Segundo T.Watariabe (1967): “Budo é uma palavra característica do povo japonês e sua origem se encontra nas formas de autoproteção que permitiram a sobrevivência dos indivíduos e a perpetuação da espécie humana através do tempo”.

Essas formas de autoproteção, que constituíram as artes marciais, nasceram da qualidade de vida que o povo japonês impôs a si próprio, diante da necessidade que tinham de se defender. Daí, então, surgiram os indivíduos com grande habilidade e treinamento nas artes marciais, formando uma casta de guerreiros conhecidos como “samurais”, a serviço dos senhores feudais.

Durante o período medieval japonês, do século XIV ao XVIII, aproximadamente, as artes marciais tiveram grande; importância por seu uso militarista, apresentando evidente progresso técnico, destacando-se os grandes talentos em todas as formas de luta pela preservação da vida, utilizando-se de armas como sabres, lanças e outros instrumentos, bem com métodos de combates com as mãos nuas. Ao mesmo tempo em que aprimorava o físico para adquirir destreza na arte marcial, o “samurai” desenvolvia formas de dominar seus próprios impulsos e controlar sua vontade, em alto grau, para poder enfrentar as adversidades corajosamente “até a morte”. Essa filosofia de vida era a alma das artes marciais e entendiam, os samurais, que ela só poderia ser atingida através de árduo treinamento para desenvolver o espírito de luta – “Budo” – através da busca da serenidade, da simplicidade e do fortalecimento do caráter, qualidades próprias da doutrina ZEN. Um código de honra, ética e moral, o “Bushido”, conhecido como via do guerreiro, foi elaborado com forte influência do Budismo, alicerçando-se na preservação do caráter máximo, tal como honra, determinação, integridade, espírito de fé, imparcialidade, lealdade e obediência; preconizando uma forma de viver pela conduta de cavalheirismo, respeito, bondade, desprezo pela dor e sofrimento.

Como uma das formas de arte marcial surgiu o Jujitsu, luta corporal sem uso de armas, não tendo porém, registro preciso de sua origem. Algumas citações encontradas no “Nihon Shoki”, que é uma crônica antiga do Japão, fazem referência ao início do Sumô que teria alguma relação com o Jujitsu naqueles tempos. Houve, então, evolução desses dois tipos de lutas corporais, em que o Sumô estabeleceu-se à base do uso da força e do peso, sendo orientado no sentido do espetáculo e o Jujitsu na base da habilidade, da astúcia e da ética, foi consagrado como combate real.

A prática do Jujitsu levou à criação de inúmeras escolas, cujas características eram a especialização dos professores em determinadas técnicas, adotando estilos próprios e secretos, cujos princípios de ensinamento se apoiavam no conhecimento axioma empregado pelos “samurais”. “Na suavidade está a força”( Ju = suavidade; Jitsu = arte ou prática). Dentre essas escolas, duas delas foram especialmente estudadas pelo Professor Jigoro Kano, “Kito-Ruy”e “Tenshinshinyo-Ryu”.

A abertura dos portos japoneses em 1865, provocou intensas transformações do ponto de vista político-social, marcando a era “Meiji”, quando foi abolido o sistema feudal, com rejeição da cultura e das instituições antiquadas, introduzindo-se os conhecimentos dos países ocidentais, ocorrendo acentuado declínio das artes marciais, em completo desuso no país. O Jujitsu não foi exceção, pois as escolas ficaram privadas das subvenções dos clãs e, ainda a modernização das forças armadas levaram essa arte marcial a ser considerada parte do passado e em total decadência.

Jigoro Kano, um jovem de físico franzino, graduado em filosofia pela Universidade Imperial de Tóquio, tendo conhecimento do Jujitsu, observou que suas técnicas poderiam ter valor educativo na preparação dos jovens, no sentido de oferecer ao indivíduo oportunidade de aprimoramento do seu autodomínio para superar a própria limitação. Assim, passou a ter como meta transformar, aquela tradicional arte marcial num esporte que pudesse trazer benefícios para o homem, ao invés de utilizá-la como arma de defesa pessoal simplesmente.

Aprofundou seus estudos, pesquisando e analisando as técnicas conhecidas; o Professor Kano organizou-as de forma a constituir um sistema adequado aos métodos educacionais, como uma disciplina de educação Física, evitando as ações que pudessem ser lesivas ou prejudiciais à sua prática por qualquer leigo. Com esse intuito, em 1882 fundou sua própria escola e, para distinguir, de maneira evidente, das formas que identificavam o antigo Jujitsu, denominou de JUDÔ KODOKAN, destinada à formação e preparação integral do homem através das atividades físicas de luta corporal e do aperfeiçoamento moral, sustentada pelos princípios filosóficos e exaltação do caráter, que era a essência do espírito marcial dos samurais, o “Budo”.

Jigoro kano transformou a arte marcial do antigo Jujitsu no “caminho da suavidade” em que através do treinamento dos métodos de ataque e defesa pode–se adquirir qualidades mais favoráveis à vida do homem, sob três aspectos: condicionamento físico, espírito de luta e atitude moral autêntica.

A primeira qualidade, condições física, é obtida pela prática do esporte que exige esforço físico extenuante, de forma ordenada e metódica para proporcionar um corpo forte e saudável. Pois todas as funções corporais tornam-se melhor adaptada pela atividade que promove aumento de força muscular geral, da resistência, da coordenação, da agilidade e do equilíbrio. Devido ao treinamento rigoroso, também, o indivíduo tende a tomar mais cuidado com a sua saúde, prevenindo doenças e condicionando a reagir reflexivamente para evitar acidentes.

A segunda qualidade, espírito de luta, significa que pela prática das técnicas do Judô e pela incorporação dos princípios filosóficos durante os treinamentos, o indivíduo se torna mentalmente, condicionado a proteger seu próprio corpo em circunstâncias difíceis, defendendo-se quando ameaçado perigosamente. Com o treinamento, adquire autoconfiança e autocontrole, não para fugir do perigo, mas para adotar medidas e iniciativas em qualquer situação. Em outras palavras, o Judô é uma arte para a autoproteção total.

Por último, a atitude moral autêntica é concebida através do rigor do treinamento, que induz a humildade social, a perseverança, a tolerância, a cooperação, a generosidade, o respeito, a coragem, a compostura e a cortesia. As experiências obtidas durante o treinamento, por tentativa e erro e pela aplicação das regras de luta, impõem mudanças de atitudes, elevando o poder mental da imaginação, redobrando a atenção e a observação e firmando a determinação. Quanto falhas do conhecimento social e de moralidade constituem-se em problemas, um método de ensinar a cortesia entre as pessoas e melhorar a atitude social torna-se importante e, por isso, o Judô, desempenha papel relevante nesse contexto, como instrumento de formar e lapidar os verdadeiros caracteres morais do ser humano.

A aquisição daquelas qualidades citadas anteriormente, tem como alicerce os três princípios filosóficos definidos por Jigoro kano que, como ditado por ele mesmo evidenciam a principal diferença entre o JUDÔ KODOKAN e o antigo Jujitsu : ” o Judô pode ser resumido como a elevação de urna simples técnica a um principio de viver” (Jitsu = técnica; Do = princípio). Esses princípios, mesmo não sendo conscientemente esclarecidos e compreendidos, estão presentes em todos os atos e atividades do praticante de judô. Por outro lado, quando o praticante tiver fixado e tomar consciência dos princípios que norteiam o judô, pode-se verificar que não são restritos ao Dojô, mas são igualmente válidos em qualquer atividade da vida diária, quando se pretende atingir um determinado objetivo.

Os três princípios do judô são:

JU = suavidade

SEIRYOKU-ZEN-YO = máxima eficiência com mínimo esforço

JITA-KYOEI = bem estar e benefícios mútuos

O princípio da máxima eficiência é aplicado à elevação ou à perfeição do espírito e do corpo na ciência do ataque e da defesa, exige primeiramente ordem e harmonia de todos os membros de uma coletividade e isto pode ser atingido com o auxílio e as concessões entre si para atingir a prosperidade e os benefícios mútuos.

O espírito final do judô, por conseguinte, é de incutir no íntimo do homem o respeito pelos princípios da máxima eficiência, da prosperidade e benefícios mútuos e da suavidade, para poder atingir, individualmente e coletivamente seus estados mais elevados e ao mesmo tempo mais desenvolvidos na arte de ataque e defesa.

O professor Kano afirma o seguinte: “Ainda que eu considere o Judô dualisticamente, a prosperidade e benefícios mútuos pode ser vista como sua finalidade última e a máxima eficiência como meio para atingir esse fim. Essas doutrinas são aplicáveis a todas as condutas do ser humano”.

  • 28/10/1860 – Data de nascimento.
  • 1877 – Ingressa na Universidade Imperial de Tóquio Torna-se aluno do Mestre Fukuda (Jujitsu).
  • 1878 – Funda o primeiro clube de basebol do Japão.
  • 1881 – Licenciado em letras Torna-se aluno da escola de Kito (Jujitsu).
  • 1882 – Forma-se em Ciências Estéticas e Morais Em fevereiro, funda a sua Escola da qual deu o nome Judô Kodokan – Em agosto é nomeado professor no Colégio dos Nobres.
  • 1884 – Nomeado adido do Palácio Imperial.
  • 1886 – Nomeado vice-presidente do Colégio dos Nobres.
  • 1889 – Viaja à Europa como Adido da Casa Imperial.
  • 1899 – Torna-se Presidente do Butokukai (Centro de estudo de artes militares).
  • 1907 – Elabora os três primeiros Katas de Judô.
  • 1909 – Torna-se membro do Comitê Olímpico Internacional, como primeiro representante do Japão.
  • 1911 – Eleito presidente da Federação Desportiva do Japão.
  • 1922 – Passa a Ter assento na Câmara Alta do Parlamento Japonês.
  • 1924 – Nomeado Professor Honorário da Escola Normal Superior de Tóquio.
  • 1928 – Participa da Assembléia Geral dos Jogos Olímpicos de Amsterdã.
  • 04/05/1938 – Morre a bordo do navio que transportava ao Cairo onde se realizava a Assembléia geral do Comitê Internacional dos Jogos Olímpicos.
  • 1882 – Fundação do Judô Kodokan.
  • 1886 – Histórica competição entre artes marciais, inclusive o Judô da qual vence o Judô Kodokan, passando assim, a ser praticado pela polícia Japonesa.
  • 1902 – O Judô chega aos Estados Unidos.
  • 1905 – O Judô chega à França.
  • 1909 – Jigoro Kano torna-se colaborador do Barão Pierre de Coubertin no movimento Olímpico, permanecendo até a sua morte.
  • 1947 – Primeira competição entre França e Inglaterra.
  • 1948 – Fundação da União Européia de Judô.
  • 1949 – Fundação da União Asiática de Judô.
  • 1951 – Primeira Competição na Inglaterra com a participação da Argentina.
  • 1952 – Fundação da União Panamericana de Judô.
  • 1954 – Primeiro Campeonato Brasileiro de Judô.
  • 1956 – Primeiro Campeonato Mundial de Judô em Tóquio. Primeira participação do Brasil em um campeonato Internacional; o segundo Campeonato Panamericano.
  • 1957 – Fundação da União Oceânica de Judô.
  • 1958 – Fundação da Federação Paulista de Judô.
  • 1963 – Fundação da União Africana de Judô.
  • 1964 – O judô é aceito nos jogos Olímpicos de Tóquio, com apenas três categorias.
  • 1969 – Fundação de Confederação Brasileira de Judô. Até então, o judô era regido pela Confederação Brasileira Pugilismo.
  • 1972 – O judô passa a ser definitivamente esporte olímpico.
BIBLIOGRAFIA:

CALLEJA, C.C. JUDÔ
Caderno Técnico-Didático. Ministério da Educação Cultura, Brasil, 1982.

COMITÉ D’EDITION KODOKAN
Judô Kodokan lilustré. Daí Nipon Yubenkai Kodansha Tokyo, 1995

KANAYAMA, D.
Dados Biográficos de Jigoro Kano e Evolução Cronológica do Judô

KANO, J.
Kodokan Judô, Kodansha International, Tokyo, 1994

OTAKI, T. & DRAEGER, D.F.
Judo Formal Techniques, Charies E. Turtie Co., Tokyo, 1990.

SHINOHARA, M.
Manual Prático de Judô Vila Sônia. São Paulo, 1982

SUGIZAKI, M.
Curso de Judô. Departamento de Educação Física, Faculdade de Ciências, UNESP-Campus de Bauru, 1992.

Editado sob a supervisão do Comitê Editorial da Kodokan
Ed. Kodansha International, TOKIO, 1994

(O Texto é uma tradução realizada por Mateus Sugizaki, 7º DAN)

JUJUTSU TRANSFORMA-SE NO JUDÔ

Muitas pessoas estão, sem dúvida, familiarizadas com os termos jujutsu e Judo, mas quantos conseguem fazer distinção clara entre eles? Aqui, explicarei os dois termos e por que o Judo veio ocupar o lugar do jujutsu.

As artes marciais foram praticadas no Japão durante o período feudal: como a lança, arco e flecha, esgrima e muitas outras. O jujutsu era uma delas, também, chamado Taijutsu e Yawara. Era um sistema de ataques que envolvia projeções, pancadas, cuteladas perfurantes e lacerantes, estrangulamentos, cotoveladas, joelhadas e imobilizações do oponente, bem como a defesa contra esses ataques.

Embora as técnicas do jujutsu fossem conhecidas desde os tempos mais primitivos, até a última metade do século XVI, o jujutsu não era praticado nem ensinado sistematicamente. Durante o período Edo (1603-1868) transformou-se numa arte complexa, ensinada por mestres de numerosas escolas.

Na minha juventude estudei o jujutsu com muitos mestres eminentes. O vasto conhecimento deles, fruto de muitos anos de pesquisa diligente e de ricas experiências, foi de grande valor para mim. Naquele tempo, cada indivíduo apresentava sua arte como uma coleção de técnicas e ninguém conseguia perceber o princípio diretivo fundamental que estava por trás do jujutsu. Quando eu encontrava diferenças no ensinamento das técnicas, freqüentemente, me via perdido e sem saber o que era correto.

Isso levou-me analisar um princípio básico no jujutsu, aplicado quando alguém ataca um oponente, bem como, quando ele o projeta.

Após fazer um completo estudo do assunto, pude distinguir esse princípio, que entendi como sendo universal: fazer o uso mais eficiente da energia física e mental. Com esse princípio no pensamento, eu fiz revisão de todos os métodos de ataque e defesa que aprendi, retendo somente aqueles que estavam de acordo com o princípio. Os que não estavam de acordo eu rejeitei e, em seu lugar, substitui por outras técnicas em que o princípio era corretamente aplicado. O corpo de técnicas resultantes eu chamei de Judo que é aquele ensinado na Kodokan para diferenciar do seu antecessor.

As palavras jujutsu e Judo são escritas com dois caracteres chineses, cada uma. O ju em ambas é o mesmo e significa “suavidade” ou “via de ceder”. O significado de jutsu é “arte, prática”. Do significa “princípio ou caminho”, entendendo o conceito de caminho como sendo a própria vida. Jujutsu pode ser traduzido como “arte suave” e com a implicação de ter significado final, unicamente, de vencer o oponente. Judo é interpretado como o “caminho da suavidade”. Como poderemos ver no próximo capítulo, Judo é mais que uma arte de ataque e defesa, é um estilo de vida. Kodokan significa, literalmente, “escola para estudar o caminho”.

Para explicar o significado de “suavidade” ou “via de ceder”, vamos dizer que um indivíduo se encontra à minha frente, cuja força é mensurada em dez unidades e que a minha força seja de sete unidades. Se ele me empurrar com toda sua força, seguramente eu me deslocarei para trás ou serei derrubado, mesmo que eu resista com toda minha potência, isto é, opondo força contra força. Mas, se ao invés de me opor a ele, eu me afastar na direção do empurrão, desviando meu corpo e mantendo o equilíbrio, meu oponente perderá seu equilíbrio. Enfraquecido por sua posição instável, ele será incapaz de usar toda sua força que estará, então, diminuída para três unidades. Tenho mantido o equilíbrio, minha força permaneceu como sete unidades. Nessa situação, estou mais forte que meu oponente, assim poderei derrotá-lo usando somente metade de minha força e guardando a metade disponível para outro propósito. Mesmo quando for mais forte que seu oponente, primeiro, é melhor se afastar. Assim procedendo, pode-se conservar sua energia enquanto esgota a de seu oponente.

Isso é apenas um exemplo de como derrotar um oponente pela via de ceder. Devido ao fato de muitas técnicas fazerem uso deste princípio que a arte foi denominada jujutsu. Vamos ver outros exemplos dos feitos que podem ser acompanhados com o jujutsu.

Supondo que um indivíduo se encontre à minha frente, tal como um tronco apoiado numa extremidade. Ele pode ser empurrado para frente ou para trás, a fim de ser desequilibrado, com um único dedo. No momento que ele inclinar para frente, se eu colocar meu braço em sua espalda e, rapidamente, deslocar meu quadril a sua frente, fazendo com que se torne um fulcro (ponto de apoio da alavanca). Para projetar o indivíduo ao solo, tudo que preciso fazer é girar meu quadril ligeiramente e puxar seu braço ou sua manga, mesmo que ele seja muito mais pesado.

Numa outra situação vamos dizer que eu tento produzir o desequilíbrio de um indivíduo para frente mas ele dá um passo adiante, com um dos pés. Ainda, assim, posso projetá-lo, facilmente, apenas pressionando a planta de meu pé logo abaixo do tendão de Aquiles, de sua perna avançada, uma fração de segundo antes que ele transfira todo peso sobre esse pé. Este é um bom exemplo do eficiente uso da energia, pois, apenas com um leve esforço, posso derrotar um oponente de força considerável.

O que fazer quando um indivíduo investe sobre mim e me empurra? Ao ser empurrado, se eu segurar seus braços ou seu colarinho com ambas as mãos, colocar a planta de um do pés contra a porção inferior do abdômen e deitar estendendo minha perna, posso fazê-lo dar rodopiar por cima de minha cabeça.

Por outro lado, supondo que meu oponente se incline para frente e me empurre com a mão, se eu ceder e agarrar na parte superior da manga de seu braço estendido, isso o fará desequilibrar. Se eu girar o corpo, rapidamente, para que a minha costa fique em contato com seu peito, e segurando com minha mão livre sobre seu ombro e me curvar, ele será arremessado sobre minha cabeça e cairá pranchado sobre sua espalda.

Como mostram esses exemplos, para arremessar um oponente, o uso do princípio de alavanca é, algumas vezes, mais importante do que simplesmente ceder. Além disso, o Jujutsu, também inclui outras formas de ataque direto, tal como pancada, ponta pé e estrangulamento e, nesse aspecto, a “arte de ceder” não traduz seu verdadeiro significado. Se aceitarmos o Jujutsu como a arte ou prática para a via de ceder, então devemos aceitar o Judô como sendo o caminho ou o princípio para chegarmos a essa meta através da verdadeira compreensão do uso mais eficiente da energia física e mental.

Em 1882, eu fundei a Kodokan para ensinar Judo e dentro de poucos anos o número de estudantes cresceu rapidamente. Eles vieram de toda parte do Japão e muitos tiveram que deixar os mestres do Jujutsu par treinar comigo. Consequentemente o Judo deslocou o Jujutsu e ninguém, em qualquer época, citou o Jujutsu como sendo uma arte contemporânea no Japão, embora a palavra tenha sobrevivido no estrangeiro.

PRINCÍPIOS E PROPÓSITOS DO JUDO KODOKAN

JUDO COMO EDUCAÇÃO FÍSICA

Incentivado pelo sucesso de aplicar o princípio da máxima eficiência às técnicas de ataque e defesa, então questionei se o mesmo princípio não poderia ser empregado para melhorar a saúde, ou seja, ser aplicado à educação física.

Muitas opiniões foram formuladas para responder a questão: qual é o propósito da educação física? Após dispensar a esse assunto uma quantidade infindável de ponderações e fazer inúmeros intercâmbios com outras pessoas instruídas e cultas, conclui que seu propósito é tornar o corpo forte e saudável, ao mesmo tempo em que se constrói o caráter da disciplina mental e moral. Tendo esclarecido o propósito da educação física, vamos ver como os métodos comuns desse processo obedecem os princípios da máxima eficiência.

As vias pelas quais as pessoas treinam seus corpos podem ser muitas e das mais variadas formas mas, invariavelmente, elas caem em duas categorias gerais: esportes e ginástica. É difícil generalizar sobre esportes, desde que existem muitas modalidades diferentes e elas compartilham de uma importante característica : são de natureza competitiva. O objetivo imaginado para eles não tem sido de favorecer o desenvolvimento físico balanceado ou garantia de saúde. Inevitavelmente, alguns músculos são, consistentemente, forçados ao trabalho enquanto outros são negligenciados. No processo, algumas vezes são produzidos danos em várias partes do corpo. Muitos esportes não podem ser totalmente considerados como educação física, de fato, deveriam ser descartados ou melhorados, porque falham no uso mais eficiente da energia física e mental e impedem o progresso para atingir o objetivo de promover saúde, força e benefícios.

Em contraste, a ginástica deve ser prontamente considerada como educação física. A sua prática não é lesiva ao corpo, geralmente, é benéfica à saúde e promove o desenvolvimento equilibrado do corpo. Contudo, a ginástica, tal como praticada hoje, apresenta falhas em dois aspectos : interesse e utilidade.

Existem muitas formas mais atraentes pelas quais a ginástica pode ser praticada. Dentre elas, uma forma que eu defendo é constituída do grupo de exercícios que tenho executado experimentalmente. Cada combinação de movimentos dos membros, pescoço e corpo é baseada no princípio da máxima eficiência e representa uma idéia, compondo uma série de exercícios que promove, efetivamente, o desenvolvimento físico e moral harmonioso. Um outro conjunto de exercícios que eu criei, o SEIRYOKU-ZEN-YO KOKUMIN TAIIKU (Educação Física Nacional de Máxima Eficiência) é praticado na Kodokan. Seus movimentos não somente levam ao desenvolvimento físico equilibrado mas, também, proporcionam o treinamento básico de ataque e defesa.

Para a educação física ser, verdadeiramente, efetiva ela deve estar baseada no princípio do uso eficiente da energia física e mental. Estou convencido de que os avanços futuros na educação física estarão em conformidade com esse princípio.

DOIS MÉTODOS DE TREINAMENTO

Até aqui tenho abordado os dois principais aspectos do treinamento do judo: desenvolvimento do corpo e treinamento das formas de ataque e defesa. Os métodos de treinamento fundamentais para ambos os propósitos são: KATA E RANDORI.

KATA significa “forma” : é um sistema de movimentos pré-arranjados que ensinam os fundamentos de ataque e defesa. Em adição às projeções e retenções (também praticadas no Randori),inclui pancadas, chutes, cuteladas, golpes lacerantes e inúmeras outras técnicas. Isso só utilizado no Kata porque esse treinamento se trata de praticar movimentos pré-arranjados e cada um dos parceiros sabe o que o outro irá fazer, antecipadamente.

RANDORI significa “prática livre”: os praticantes, aos pares disputam um contra o outro como se estivessem em competição. Eles podem projetar, imobilizar, estrangular e aplicar chaves de braço, mas não podem dar pancadas, chutes e empregar outras técnicas apropriadas somente nos combates reais. As principais condições no randori são que os participantes tomem cuidado de não causar lesões um ao outro e que sigam a etiqueta do Judo, que é obrigatória para quem deseja obter o máximo benefício de randori.

O randori pode ser praticado tanto como treinamento dos métodos de ataque e defesa ou como educação física. Em ambos os caso, todos os movimentos são feitos de conformidade com o princípio da eficiência máxima. Se o objetivo é treinamento em ataque e defesa, a concentração na execução adequada das técnicas é suficiente. Mas além disso, randori é ideal para cultura física, desde que envolve todas as partes do corpo e tal como a ginástica, todos os seus movimentos devem ser intencionais e executados com esse espírito. O objetivo desse treinamento físico sistemático é aperfeiçoar o controle sobre a mente e o corpo e prepara o indivíduo para enfrentar qualquer emergência a um ataque, acidental ou proposital.

TREINANDO A MENTE

Ambos, Kata e randori são formas de treinamento mental mas, dentre, eles, o randori é mais eficiente.

No randori , o indivíduo deve explorar as fraquezas do oponente e estar pronto para o ataque, com todos os recursos disponíveis que o momento e a oportunidade se apresentam, sem violar as regras do Judo. Praticando o randori , o estudante tende a tornar-se mais sério, determinado, sincero, atento, cauteloso e deliberado na ação e, ao mesmo tempo, ele ou ela aprende a valorizar e tomar decisões rápidas e agir prontamente, quer para atacar ou defender. Não há lugar no randori para indecisões.

No randori o indivíduo nunca pode estar seguro de qual a próxima técnica que o oponente vai empregar, por isso deve estar constantemente em vigília. O estado de alerta torna-se sua segunda natureza. O indivíduo adquire estabilidade emocional pela autoconfiança adquirida do conhecimento de que ele está preparado para qualquer eventualidade. O poder de atenção, observação e imaginação, bem como, de raciocínio e julgamento são, naturalmente, intensificados pelo treinamento e estes atributos são úteis tanto na vida diária como no dojo.

Praticar o randori é conhecer as complexas relações físico-mental existentes entre os companheiros. Centenas de valiosas lições podem ser extraídas deste estudo. No randori aprendemos a empregar o princípio da máxima eficiência, mesmo quando podemos, facilmente, sobrepor um oponente. Naturalmente, é muito mais precioso vencer um oponente com a técnica adequada do que com a força bruta. Essa lição é igualmente aplicável na vida diária: o praticante deve compreender que a persuasão suportada por argumentos lógicos (bom senso) é, no final das contas, mais efetivo do que o uso da força.

Uma outra consideração sobre o randori é de aprender a aplicar a quantidade certa de força, nem muito nem pouco. Nós temos conhecimentos de pessoas que falharam nos seus objetivos porque não mediram apropriadamente a quantidade de esforço requerido. Num extremo, eles ficam aquém do alvo e, no outro não sabem quando parar.

Ocasionalmente, enfrentamos um oponente que é obsessivo no seu desejo de vencer. Para tanto devemos ser treinados a não resistir diretamente pelo uso força mas para disputar com o oponente, até que sua agressividade e força fiquem exauridos. Aí, então devemos aproveitar a oportunidade para atacar. Essa lição pode ser empregada, sempre que encontramos pessoas agressivas, em nossa vida diária e desde que nenhum argumento surtirá efeito contra elas, tudo que podemos fazer é esperar que se acalmem.

Há diversos exemplos de contribuições que o randori pode dar para o treinamento intelectual da mente dos jovens.

TREINAMENTO ÉTICO

Vamos ver agora as vias pelas quais podemos obter uma compreensão do princípio da máxima eficiência que constituí o treinamento ético.

Há pessoas que são de natureza facilmente excitável e se tornam agressivas pela mais trivial das razões. O Judo pode levar essas pessoas aprender a se controlar, através do treinamento e, rapidamente, elas entendem que a agressividade é um desperdício de energia que causa efeitos negativos em si próprio e nos outros.

O treinamento de Judo é, também, extremamente benéfico para aqueles com ausência de confiança em si próprio, devido a falhas no passado. O Judo nos ensina a escolher o melhor curso possível de ação, qualquer que sejam as circunstancias individuais e ajuda-nos a compreender que a ansiedade é uma perda de energia. Paradoxalmente, um indivíduo que falha e outro que atinge o máximo do sucesso estão exatamente na mesma posição, pois cada um deve decidir o que fará a seguir: escolher o caminho que o levará ao próximo passo. Numa primeira instância, os ensinamentos de Judo dão a cada um o mesmo potencial de sucesso, procurando conduzir o indivíduo e sair da letargia e desapontamento, para estabelecer uma atividade vigorosa.

Outros tipos que podem se beneficiar da prática do Judo são os cronicamente descontentes que, prontamente, culpam outras pessoas por aquilo que é realmente devido a sua própria falha. Essas pessoas devem entender que a constituição negativa de sua mente vai contra o princípio da máxima eficiência e que viver em conformidade com esse princípio é a chave para atingir um estado mental de visão avançada.

ESTÉTICA

A prática do Judo traz muita satisfações: o prazer de sentir o exercício conduzido aos músculos e nervos, a satisfação de dominar os movimentos e a alegria de vencer sua competição.

Não menos que isso, tem-se a beleza e o encanto de executar técnicas elegantes e a opção de obter outras performances significativas. Essa é a essência do lado estético do Judo.

JUDÔ ALÉM DO DOJO

No Judo temos como análise racional, a concepção de que as lições apreendidas nos confrontos encontrarão aplicação não somente nos treinamentos futuros mas, também, para compreensão do mundo, em sentido amplo. Aqui eu gostaria de apontar cinco princípios básicos e mostrar, sucintamente como eles atuam no domínio social.

Primeiro, o conceito de que o indivíduo deve dar toda atenção ao relacionamento entre ele e seu oponente, antes de realizar um ataque, deve observar o peso, a constituição física, os pontos fortes, o temperamento, etc.. Ele pode estar, todavia, consciente de suas próprias forças e fraquezas e sua visão pode avaliar criteriosamente, o ambiente. Quando o combate for promovido ao ar livre, ele deve inspecionar a área coisas, tais como pedras, desníveis e muros. No dojo , ele observar as paredes, as pessoas e outras obstruções potenciais. Se observar, cuidadosamente, todas essas coisas, então a forma correta para derrotar o oponente surgirá naturalmente.

O segundo ponto tem a ver com a tomada de iniciativa.

Praticantes de jogos de tabuleiros como xadrez e go estão familiarizados com a estratégia de promover um movimento em que se deseja conduzir o outro jogador numa certa direção. Esse conceito é claramente aplicável tanto no Judo como em nossa via diária.

Sucintamente, o terceiro ponto é refletir, integralmente, para agir com determinação. A primeira frase está estreitamente relacionada com o ponto acima mencionado, isto é, um indivíduo deve avaliar meticulosamente seu adversário antes de executar uma técnica. Isto feito, o conselho dado na segunda frase deve ser seguido, automaticamente, Agir com determinação significa executar sem hesitação e sem segundas intenções.

Tendo mostrado como proceder, eu gostaria agora de aconselhar quando deve parar. Isso pode ser estabelecido muito simplesmente, pois, quando um ponto predeterminado for atingido, é tempo de cessar a aplicação de técnicas ou qualquer que seja a ação.

O quinto e último ponto evoca toda a essência do Judo e está contido no seguinte depoimento: andar por um caminho simples, sem se tornar arrogante com a vitória nem humilhado com a derrota; sem esquecer a cautela quando tudo é silêncio ou tornar-se amedrontado quando ameaçado pelo perigo. Está implícito aqui a censura de que, se nos deixarmos levar pelo sucesso da vitória, inevitavelmente, a derrota virá em seguida.

Também, significa que o indivíduo deve, sempre, estar preparado para o combate, mesmo no momento seguinte após obter uma vitória.

O praticante de Judo deve manter esses cinco princípios, permanentemente, na sua mente. Aplicando-os no local de trabalho, na escola, no mundo político ou qualquer outra área da sociedade, ele verificará que os resultados serão sempre benéficos.

Repetindo, o Judo é uma disciplina física e mental cujas lições são, prontamente, aplicáveis às condutas de nossos compromissos diários. O princípio fundamental do Judo é aquele que governa todas as técnicas de ataque e defesa e, qualquer que seja o objetivo, poderá ser atingido com melhor resultado pelo uso da máxima eficiência do corpo e da mente para aquele propósito. Esse mesmo princípio aplicado as nossas atividades cotidianas leva a uma vida racional mais elevada.

O treinamento das técnicas de Judo não é a única via para compreensão desse princípio universal, mas é a forma como eu cheguei ao entendimento dele e pela qual tento iluminar os meus discípulos.

O principio da máxima eficiência, ao ser aplicado na arte de ataque e defesa ou para aprimorar e aperfeiçoar a vida, acima de tudo, demanda ordem e harmonia entre as pessoas. Isso só se consegue através do auxílio e da concessão mútua, tendo como resultado o mútuo bem-estar e benefícios comuns. O propósito final da prática de Judo é para introduzir o respeito aos princípios da máxima eficiência e do bem-estar e benefícios mútuos. Através do Judo as pessoas podem, individualmente ou coletivamente, atingir seu mais elevado estado espiritual e, ao mesmo tempo, desenvolver fisicamente seus corpos e aprender a arte de ataque e defesa.

PONTOS BÁSICOS DO TREINAMENTO

O DOJO

O Judo deve ser praticado num local especialmente projeta, conhecido como dojo. A área de pratica deve ser destituída de quinas cortantes e obstruções potencialmente perigosas, tais como pilares e ter as paredes, geralmente, forradas. O piso do local deve ser revestido com esteira, de tamanho e forma idênticas aos tatamis usado nas casas residenciais, para absorver o impacto das quedas. Muito cuidado deve ser tomado para que as esteiras estejam niveladas e ajustadas, sem espaço entre elas, para evitar lesões, especialmente nos pés. As esteiras rasgadas e danificadas devem ser, rapidamente reparadas ou substituídas. Quando alguém visita um dojo, pela primeira vez, deve-se fazê-lo admirar com a manutenção da limpeza e impressionar com a atmosfera solene. Devemos lembrar que a palavra dojo deriva de um termo budista, que se refere ao ” lugar iluminado”.

Tal como um mosteiro, o dojo é um lugar sagrado onde as pessoas vão aperfeiçoar o corpo e a mente.

A prática de Randori e Kata deve ser feita no dojo assim como a realização dos combates e das disputas.

O JUDOGUI

O conjunto de jaqueta, calça e faixa usadas na prática do Judo são chamados de judogui. A jaqueta e a calça são brancas e a faixa varia de cor conforme a graduação do usuário.

Iniciantes, sem qualquer graduação, usam faixa branca.

Quando atingir a graduação de kiyu usam faixas coloridas, sendo o mais avançado nessa classe o primeiro kyu, que usa a faixa marrom. Aqueles que são graduados de primeiro a quinto dan usam faixa preta. A partir do sexto dan a faixa é do tipo coral, com bandas branca e vermelha alternadas. Nono e décimo dan usam faixa vermelha. Os possuidores de sexto dan e acima podem, contudo, usar faixa preta, se preferir. As faixas para mulheres tem uma lista branca na porção mediana do sentido longitudinal.

ETIQUETA NO DOJO

Antes e após praticar o Judo ou engajar-se num combate, os oponentes se reverenciam entre si. A saudação é uma expressão de gratidão e respeito. De fato, pode-se agradecer seu oponente por lhe dar a oportunidade de melhorar sua técnica. A saudação é executada tanto na posição sentado (za-rei) como na posição ereta (ritsu-rei).

Para realizar a saudação na posição sentado, os contendores ficam distantes um do outro, a cerca de 1,5 metro, ajoelhados com o dorso do pé faceando o tatami. Os joelhos devem ficar ligeiramente afastados, quadril descansado sobre o calcanhar, mãos sobre a coxa. As mãos se deslocam sobre a esteira, de 10 a 12 centímetros a frente dos joelhos, com as pontas dos dedos voltados levemente para o interior. Curva-se a partir da cintura com a cabeça e pescoço formando uma linha reta em relação a costa.

Para a saudação na posição ereta, os contendores devem se colocar, a cerca, de dois metros distantes um do outro. Então eles se flexionam para a frente, a partir da cintura deixando as mãos deslizar da lateral para a frente de suas pernas, até que seu corpo forme um ângulo de aproximadamente, 30 graus.

A saudação sentada é mais formal, sempre executada antes e após a prática de Kata. Também deve ser dirigida aos professores e instrutores quando entrar e sair do dojo. Antes e após o randori deve-se fazer a saudação na posição ereta.

Dependendo das circunstâncias, os contendores podem saudar de distâncias maiores, mas devem sempre mostrar sinceridade.

Por outro lado, é esperado dos praticantes de Judo exibir decoro apropriado no dojo. O dojo não é local para conversa leviana ou comportamento frívolo. Os praticantes podem não estar praticando da prática ou de um combate, mas, enquanto descansam, eles devem observar as outras práticas, pois fazendo aprendem alguma coisa. Comer, beber e fumar não é tolerado no dojo, pois os praticantes são compelidos a mantê-lo asseado e limpo.

A higiene pessoal, também, é importante. Os praticantes devem estar limpos e manter suas unhas das mãos e dos pés aparadas para evitar que provoque ferimentos nos outros. O judogui deve ser lavado regularmente e qualquer rasura remendar imediatamente. Para atingir o melhor rendimento do treinamento deve-se ter , sempre, moderação na alimentação, bebida e sono.

A IMPORTÂNCIA DA PRÁTICA REGULAR

Os praticantes, algumas vezes, se enganam em seus treinamentos, tanto praticando demais como de menos. A prática insuficiente é o problema mais comum.

O real valor do Judo só aparece como resultado da prática regular. Para obter o máximo beneficio físico, mental e espiritual do Judo, deve-se praticar todos os dias sem falhar. Quando for impossível treinar no dojo, deve-se pelo menos, executar o Seyrioku Zen’yo Taiiku – no Kata.

UMA PALAVRA DE PRUDÊNCIA

Nos estágios iniciais do treinamento de Judo, os praticantes especialmente os jovens, algumas vezes sentem-se provocados a experimentar técnicas aprendidas recentemente em pessoas que não estão preparadas. Tal comportamento é irresponsável e altamente perigoso. Nunca devemos abusar das técnicas do Judo, porque podem resultar em lesões sérias ou mesmo na morte. Não é necessário dizer que isso vai contra o espírito do Judo.

A única justificativa que se tem para aplicar as técnicas de Judo fora do dojo é quando ocorre perigo físico imediato.

Lançando mão de comportamento inadequado, o indivíduo coloca a si próprio em grave perigo. Com certeza, sempre encontrará indivíduos mais fortes e não se sabe o que poderá acontecer. Quando se está desprevenido ou quando não está em vigília, ninguém tem chance de se defender, mesmo contra um atacante mais fraco. Se ele não tiver tentado experimentar sobre outros, o praticante, seguramente, estará numa condição de repreender qualquer pessoa que hesite alguma coisa consigo. Fora do treinamento, é proibido experimentar técnicas que tenha aprendido.

Sobre a insensatez do abuso pelos conhecimento adquirido através do treinamento do Judo, tem-se a seguinte história que foi transmitida para nós, do passado.

Um certo estudante, ávido por testar suas técnicas, todas as noites ia um ponto isolado de uma estrada e ficava esperando por algum transeunte ocasional. Quando alguém aparecia, ele pulava em cima e aplicava uma de suas técnicas de projeção.

Consequentemente, seu professor recebeu informações da ação desse indevido. Disfarçando-se, uma noite o professor foi ao local e o estudante, não tendo reconhecido o professor, saiu precipitadamente e atacou-o como de costume. O professor deixou-se arremessar, então lentamente se levantou e disse ao estudante para examinar sua lateral. Descobrindo quem era o homem, o estudante rapidamente baixou o olhar. Havia no seu lado direito uma risca de graxa que seu professor aplicou enquanto era arremessado, indicando que poderia facilmente tê-lo matado com um golpe de atemi. Humilhado por sua experiência, o estudante nunca mais e aventurou para testar suas técnicas em transeuntes inocentes.

História do Judô

Desenvolvido especialmente para marcar as comemorações dos 60 anos da Federação Paulista de Judô, ocorrido em 2018, o curta metragem “F.P.Judô 60 anos” faz um resgate da história da entidade em um passeio que tem seu início nos anos 50, época em que foi fundada, dando início então à uma grande parte da história do desenvolvimento do judô paulista.

O grande desafio na produção do curta foi realizar um documentário que fosse dinâmico, passando as informações de forma a prender a atenção dos espectadores.

O filme precisaria rodar no tempo necessário, mas sem que as pessoas percebessem. Elas precisariam ser envolvidas pela grande história da entidade, sendo uma mescla de história e entretenimento.

Para a pesquisa histórica, muitas pessoas se engajaram no projeto e ajudaram a contar os fatos apresentados no documentário. Muitos documentos também fizeram parte da pesquisa. Sem eles não seria possível a concretização desse projeto.

O curta metragem foi apresentado na abertura dos dois Credenciamentos Técnicos e agora está disponível para exibição aqui no site.

Preparem as pipocas e refrigerantes. O filme vai começar!

Assista em modo “full screen”.

Por: Federação Paulista de Judô

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