Walter Carmona, medalhista de bronze em Los Angeles 1984 © FPJCOM
Com o apoio da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo e da Prefeitura de São Bernardo do Campo, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou neste sábado (28) o primeiro treino aberto da classe veteranos de 2023, reunindo 154 judocas no Centro de Excelência Esportiva de São Bernardo do Campo.
Medalhistas olímpicos, importantes nomes da classe veteranos e autoridades políticas e esportivas participaram do encontro: Alessandro Panitiz Puglia, presidente da FPJudô; Paulo Sérgio Merino, coordenador de Esportes da Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo; Nakatani Yoshiyuki, cônsul do Japão; Chiaki Ishii, primeiro medalhista olímpico do judô brasileiro nos Jogos de Munique (1972); Walter Carmona, medalhista de bronze em Los Angeles 1984; Luiz Onmura, bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles (1984); Cristian Cesário, gestor nacional da classe veteranos e membro do Conselho de Veteranos da Confederação Pan-Americana de Judô; Alex Russo e Rogéria Cozendey, coordenadores da classe veteranos da FPJudô; e Osvaldo Hatiro Ogawa, ex-presidente da FPJudô.
Completaram a mesa os professores kodanshas Rubens Pereira, de São Paulo; José Gomes de Medeiros, de Santos; Vânia Ishii, de São Paulo; Nelson Hirotoshi Onmura, de Taboão da Serra; Celso Ferreira Franco, de Santos; e Sílvio Tardelli Uehara, de São Paulo.
Um dos judocas pioneiros do Projeto Futuro, Walter Carmona abriu o treinamento narrando os primeiros passos de sua trajetória como medalhista olímpico.
“Há cerca de 37 anos ingressei no judô do Projeto Futuro do Ibirapuera, inaugurado havia pouco tempo, e depois aconteceu tudo aquilo que vocês sabem e que resultou na medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Los Angeles 1984. Mas eu gostaria de dizer a vocês que todo esporte é bom, mas o judô é uma modalidade diferenciada em muitos aspectos. Eu, que já tenho uma certa idade e pude assistir a muitas palestras, ainda ouço coisas que já havia aprendido nos tatamis. Uma delas é sobre a postura na forma de se movimentar, de sentar, de estar sempre arrumado e em sintonia com o mundo que nos cerca. Ao chegarmos ao dojô, temos que estar sempre limpos, com judogi limpo, cumprimentamos nosso professor, saudamos o kamidana, cumprimentamos nossos colegas, respeitando sempre os sempais e auxiliando os kohais – um ritual fundamentado na boa postura e no respeito ao próximo. E isso todos nós aprendemos aqui naturalmente, cercados sempre de boas companhias e gente do bem.”
“Certo dia ouvi uma frase simples do Isame Tiba, mas de uma verdade absoluta: o coletivo é mais forte que o individual. E isso se aplica muito bem ao judô, já que, estando no dojô e cercado por pessoas do bem, é impossível que alguém neste ambiente se torne uma pessoa do mal.”
Carmona disse que na época em que treinava por uma vaga na seleção brasileira ele tinha o hábito de escrever como havia sido o treino. “Era uma espécie de diário no qual eu registrava como havia sido meu desempenho, se eu havia evoluido ou regredido tecnica e fisicamente. Não me comparava a ninguém e sim a mim mesmo, e isso fez com que eu pudesse avaliar meu comprometimento com o objetivo, que era a seleção brasileira.”
Outro aspecto muito importante que Carmona aprendeu com o judô foi a gratidão, e isso se tornou um hábito em sua vida. “Quando cheguei aqui hoje e me deparei com o sensei Ishii, agradeci por tudo que ele me ensinou de judô e de coisas como conduta, caráter, retidão e, principalmente, hierarquia, e tudo isso está implícido no judô. Está na entrelinha de tudo que vivenciamos no dia a dia nos tatamis. E por tudo isso sou grato ao que aprendi naturalmente e recebi do judô. Desejo que aproveitem ao máximo esta vivência e que absorvam os ensinamentos que a prática e o ensino do judô proporcionam àqueles que assimilam o dô”, disse o medalhista olímpico.
Alessandro Puglia enfatizou que 2023 será um ano muito importante para o judô paulista. “Ciente de que a grande maioria dos faixas-pretas aqui presentes são professores que vivem do judô, aproveito a oportunidade para comunicar que este será um ano no qual grande parte das mudanças implementadas no início da nossa gestão vai consolidar-se e, com isso, beneficiar nossos filiados e melhorar a qualidade do atendimento que vocês e a entidade farão aos nossos filiados.
O presidente da FPJudô agradeceu aos professores kodanshas que prestigiaram o evento, em especial aos senseis Ichii, Carmona e Onmura. “O sensei Carmona falou mais de meia hora, mas vocês perceberam que em nenhum momento ele falou sobre a medalha dele. É claro que foi uma conquista muito importante para ele e para todos nós judocas, mas ele falou apenas sobre o legado que o judô ofereceu a ele e oferece a cada um de nós, praticantes, e isso é realmente muito importante. Medalhas e resultados são frutos de um trabalho específico, mas aquilo que o judô planta dentro de cada um de nós é perene e, portanto, muito mais importante.”
No treino aberto que começou em seguida, os senseis Carmona e Onmura deram várias dicas, cumprindo o objetivo de fomentar e impulsionar a classe veteranos do Estado de São Paulo.
Antes do encerramento houve uma homenagem à família do sensei Nobuo Suga, representada pela esposa Yukie Yoshida Suga, a filha Patrícia Yoshida Suga e o filho Maurício Shigueru Kuwamoto.
Nascido em Oito, no Japão, em 3 de janeiro de 1928, aos 13 anos Nonuo Suga conheceu o judô e nunca mais deixou de praticar e ensinar a arte criada pelo shihan Jirogo Kano, nem mesmo quando migrou para o Brasil. Em 1943 retomou a prática no dojô da Vila Conceição, com o sensei Koshizawa. Posteriormente tornou-se membro da escola de Ryuzo Ogawa e depois edificou um dos maiores dojôs do Brasil, em São Bernardo do Campo. Além de atuar como professor, árbitro e dirigente, sensei Suga formou excelentes judocas, como Mário Tsutsui, Clóvis Musashi Masuda, Douglas Eduardo de Brito Vieira, Walter Carmona e Élvio Giovanetti. Ao falecer em fevereiro de 2009, o mestre faixa vermelha kyuu-dan (9º dan) deixou legado de humidade e simplicidade, centenas de faixas-pretas formados e um amor incomensurável por sua família e pelo judô.
Após a realização do primeio treino aberto de 2023 para a classe veteranos, os professores Alex Russo e Rogéria Cozendei, coordenadores dessa classe, lembraram o evento anterior promovido pela área técnica da FPJudô.
Alex Russo contou que o treino de dezembro foi um marco para o máster de São Paulo. “O evento deste sábado (28) foi espetacular, e não poderíamos iniciar a temporada sem falar um pouquinho sobre o treino do dia 10 de dezembro, no qual houve nosso bonenkai e o ranqueamento de 2022. Naquela ocasião os três melhores de cada categoria foram homenageados com medalhas e diplomas e o campeão ganhou um porta-faixa e uma faixa da Kimonos Shihan. Pouco mais de 150 pessoas participaram do treinamento em conjunto com a seletiva para o Centro de Excelência. Participaram dos treinamentos atletas olímpicos como o Henrique Guimarães, Vânia Ishii e o Rato, um gigante dos tatamis, além de várias celebridades do judô, como os senseis Hatiro Ogawa e Alessandro Puglia. Agora iniciamos a temporada com um encontro aberto por lendas vivas dos tamis como os senseis Ishii, Carmona e Onmura, que lá estavam para validar ainda mais a nossa iniciativa de reunir os faixas-pretas que, mesmo com idade avançada, buscam trocar experiências e aprender sempre um pouco mais.”
Rogéria Cozendei, coordenadora do feminino da classe veteranos, abordou o aspecto humano de um evento que feichou a temporada 2022 com chave de ouro.
“A importância deste evento é reunir todos os atletas e reconhecer o esforço de todos, até porque eles são veteranos e a gente sabe das dificuldades de treino, de lesões, da família, do trabalho e o quanto eles se esforçam para competir e treinar. É uma classe que não para de crescer e eu acho que merece todo o reconhecimento. Atualmente vemos campeonatos veteranos com número maior de atletas até que a classe sênior. É um contigente expressivo e eu acho muito importante reunir toda essa turma, reconhecendo o esforço de cada um, trocando experiencias, criando laços de amizade e, claro, projetando um futuro que até aqui se mostra cada vez mais promissor”, disse Rogéria.
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