Os vice-presidentes Hatiro Ogawa, Takeshi Yokoti e Raul Senra unidos no apoio à gestão do presidente Henrique Guimarães, reforçando o compromisso com o fortalecimento do judô paulista nos próximos quatro anos © FPJCOM
Superada a surpresa, os três vice-presidentes da FPJudô mantêm a intenção de dar continuidade ao trabalho – que consideram muito positivo – da diretoria anterior. Ainda há muito a ser recuperado da paralisia causada pela pandemia e pela intervenção, inclusive no número de atletas e agremiações filiados. Mas eles se dizem preparados para uma luta de quatro minutos ou um golden score de mais de 20.
Para Hatiro Ogawa, primeiro vice-presidente, o resultado da eleição não foi surpresa, e sim o fato de os eleitos não exercerem um mandato tampão, mas para todo o próximo quadriênio. “Pelo trabalho que a equipe toda fez, o número de votos da nossa chapa foi o esperado. O que eu não sabia é que o mandato não terminaria em março do ano que vem, mas só em 2028, por decisão da Comissão Eleitoral.”
Takeshi Yokoti, segundo vice-presidente, lembrou da situação inusitada em que ocorreu o pleito. “Com certeza essa foi uma das eleições mais difíceis da Federação Paulista de Judô, em razão de todo o imbróglio dessa intervenção. Creio eu que a entidade nunca tenha passado por um momento tão difícil e complicado.” Já o resultado favorável ele atribuiu ao grupo, que se mostrou muito coeso e forte, com propostas muito assertivas. “Todo trabalho do Avança Judô foi muito positivo e tivemos uma vitória esmagadora.”
Raul de Mello Senra Bisneto, terceiro vice-presidente, fez uma análise mais pragmático do ambiente eleitoral e dos resultados.
“Após idas e vindas, afastamentos prematuros e desnecessários de delegados regionais, dentro de um período de incertezas quanto à realização ou não do pleito, finalmente o parto ocorreu de forma normal, com placar expressivo, placar esse já esperado e que mostrou muito bom senso por parte dos que votaram.”
A mudança do período de mandato da nova diretoria acabou afetando, de alguma forma, a definição de prioridades dessa gestão, na opinião de Ogawa. “Nosso projeto era dar continuidade ao trabalho do antigo presidente, Alessandro Puglia, já que o tempo seria muito curto, somente até março. Agora, logicamente, temos de rever os planos com outros olhos. O que nós iniciarmos agora vai valer para um mandato de quatro anos.”
Ogawa pretende atuar na parte de fundamentos técnicos que aprendeu com os professores mais antigos. Isso significa fazer um trabalho de base sólido, para que possa surtir efeitos significativos daqui a seis anos ou mais. “Quando a base é boa, provavelmente vai vivenciar experiências fundamentais na parte técnica, na parte de kata e até na arbitragem. Em geral, daqui a algum tempo os atletas colherão resultados surpreendentes.”
Estimular atletas e técnicos do interior está entre as prioridades de Yokoti. “Eu e o vice Raul, que somos do interior, abraçamos essa causa. As entidades do interior depositaram muita confiança em nós e com certeza vamos dar ênfase aos treinamentos e capacitações. O interior paulista abriga os celeiros de atletas em razão de várias cidades terem uma presença japonesa muito importante.”
Já Raul Senra demonstra preocupação com o atendimento da secretaria da FPJudô, destacando a necessidade urgente de reformulação. Ele acredita que é fundamental melhorar o relacionamento com os associados. “Precisamos criar um setor de informações que atenda melhor às necessidades dos nossos filiados. No entanto, acredito que a implantação da plataforma Mirai será um passo importante para aprimorar o atendimento aos professores e atletas filiados.
A solução para os problemas apontados por Senra talvez esteja na proposta de Yokoti: finalizar a plataforma Mirai, um trabalho que foi interrompido em razão da intervenção e que já estava em ritmo bem acelerado. “Essa plataforma vai facilitar o dia a dia do professor e o acesso de atletas, é realmente uma inovação para alavancar ainda mais o judô. Então, creio que o mais importante realmente neste primeiro momento é finalizar a plataforma Mirai, o que certamente mudará e alavancará toda a formatação da gestão na entidade.”
Mas não é apenas isso. O segundo vice-presidente aponta a necessidade de capacitação de todos os setores. “Estamos defasados em algumas situações e em alguns departamentos e creio que, corrigindo isso, vamos realmente alavancar ainda mais o judô paulista”, enfatizou Yokoti.
Dar continuidade ao trabalho que a diretoria anterior vinha fazendo é urgente, na visão de Ogawa. “O que atrapalhou muito foi a paralisação por causa da pandemia. O número de praticantes caiu muito na época e, assim como o de atletas, clubes e academias federados. Isso vale tanto para a parte administrativa, na qual teremos uma equipe muito boa, quanto para a parte técnica.”
Com isso o primeiro vice-presidente acredita que daqui a alguns anos a FPJudô terá número muito mais expressivo de filiados. “O nosso presidente Henrique quer executar um trabalho muito intenso e participativo na área social, inclusive para que os técnicos de clubes e academias recebam nossa orientação. Isso trará no futuro resultados muito grandes e fortes. Esse é o nosso projeto para os próximos quatro anos. Fomos pegos de surpresa, mas estamos prontos para uma luta de quatro minutos ou de golden score com mais de 20, tranquilamente.”
Raul Senra tem uma lista bastante longa e detalhada de providências que a nova diretoria precisa tomar para alavancar a FPJudô em todos os aspectos. Ele aponta a carência, por exemplo, de material de competição nas delegacias regionais: tatamis, computadores, rádios de comunicação e televisores de tamanho compatível para que o público visualize as pontuações.
“Os delegados têm de se virar nos 30 na realização dos eventos, tendo de trabalhar com tatamis escassos e sucateados. Nas competições das classes sub 18 em diante as DRs não dispõem de quantidade suficiente de tatamis para atender à exigência de áreas 8 x 8. Há constantes problemas nas mesas técnicas, prejudicando muitas vezes as decisões de arbitragem porque o vídeo não funciona.”
Outro fator que precisa melhorar, segundo o terceiro vice-presidente, é o nível da arbitragem. Ele propõe a realização de módulos obrigatórios, pelo menos três vezes ao ano, para passar a parte didática. “Além disso, é preciso fazer avaliação. Quem não for bem vai ficar de recuperação.” A parte técnica no entender de Raul Senra, está sofrível em todos os sentidos, faltando conhecimento principalmente na parte ética. “Precisamos voltar a fazer o credenciamento técnico de forma presencial, cobrando dos participantes a capacidade necessária para atuarem como técnicos.”
A criação de um departamento voltado ao acompanhamento e qualificação das Delegacias Regionais seria muito importante e necessária, acrescenta Raul Senra. Ele sugere a participação constante dos delegados regionais em reuniões trimestrais, permitindo análise e avaliação do progresso ou retrocesso no trabalho das DRs. “Por último, acho premente a existência de maior comunicação entre os departamentos responsáveis pela gestão da entidade.”