Judocas paulistas prestam homenagem a Mário Sabino Júnior

Evento realizado no sábado (2) mobilizou cerca de 100 judocas de todo o Estado de São Paulo e contou com a presença de familiares, amigos,dirigentes esportivos, professores e colegas da corporação, que foram ao ginásio do Sesi Altos da Cidade, em Bauru (SP), para homenagear o ex-atleta da seleção brasileira e o policial militar muito querido e respeitado por todos que o conheciam.

Com um retrospecto invejável, o cabo da PM Mário Sabino Júnior era um dos principais destaques da classe veteranos M4 na atualidade, e em seu currículo constam as disputas dos Jogos Olímpicos de Sydney (2000) e Atenas (2004) na categoria meio-pesado. Foi medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2003 (Santo Domingo, na República Dominicana), bicampeão mundial militar na Holanda (2000) e Itália (2001) e medalhista de bronze nomundial de Osaka (Japão) em 2003. Atual campeão paulista e pan-americano do M4 da classe veteranos, o bauruense multimedalhista tem em seu currículo os ouros do campeonato mundial veteranos de 2018, realizado em Cancún, no México, e o bicampeonato pan-americano, conquistado em Lima, em 2019 e em Buenos Aires, em 2018.

Entre as autoridades presentes estavam Clóvis Aparecido Cavenaghi Pereira, diretor do Sesi da região de Bauru; Argeu Maurício Oliveira, delegado da 3ª DRJ Centro-Sul; Ézio Carlos Vieira de Melo, tenente-coronel e comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior (4º BPM-I); Alexandre Zwicker, secretário municipal de Esportes de Bauru;Tiago Camilo, medalha de prata nos Jogos de Sydney 200 e de bronze em Pequim 2008; Paulo de Tarso, assessor parlamentar da deputa estadual pelo PSL Valéria Bolsonaro; além dos professores kodanshas Artêmio Caetano Filho, Luiz Sérgio Ferrante e Omar Miquinioty.

Entre os familiares de Mário Sabino estava a mãe Maria de Lourdes, a esposa Solange e os filhos Rúbia, Sthefany, Giedry e Mário, além do irmão Marcus Vinicius, também judoca e membro da corporação do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior.

A homenagem retratou aexpressiva contribuição de Mário Sabino ao esporte brasileiro, o legado gigantesco nos tatamis e o exemplo de conduta e retidão deixado para os colegas da farda, fatos que o tornaram uma pessoa querida, respeitada e inspiradora.

Companheiros do esporte e de corporaçãofalaram sobre a vivência com o campeão mundial que deu os primeiros passos nos tatamis num projeto social de Barra Bonita (SP) e, com esforço hercúleoededicação absoluta, chegou à seleção brasileira econquistou títulos importantíssimos. Após a carreira de atleta passou a compor a comissão técnica da seleção, sem abandonar a humildade e a cordialidade que trazia do berço e era sua marca registrada. Manteve sempre as qualidades que tanto o diferenciaram daqueles que chegam ao topo da modalidade e são contaminados pela soberba e arrogância que se veem nos corredores da gestão de alto rendimento da confederação brasileira.

Homenagem nasceu da união

A fatalidade que levou Mário Sabinocausou impacto e comoção não apenas na comunidade judoísta, mas entre todos que o conheceram.Mesmo quem não pôde comparecer à cerimônia fez questão demanifestar seu apreço por uma pessoa diferenciada e muito querida.

Apesar do feriado, Clóvis Aparecido Cavenaghi Pereira, diretor do Sesi da região de Bauru, abriu as portas da instituição para acolher a homenagem organizada para um dos judocas mais proeminentes de região de Bauru.

“Acolhemos a ideia de realizar a homenagem ao professor Mário Sabino de braços abertos e abrimos nossas instalações para acolher a família Sabino, a comunidade do judô, os representantes da Polícia Militar e, enfim, os amigos de um dos mais proeminentes judocas de nossa região,”contou Cavenaghi.

Em seu pronunciamento o diretor do Sesi-Baurudemonstroua admiração e carinho despertados pelo atleta e, principalmente, pela pessoa, que sempre foi um ícone para os que o rodeavam. “Ele gostava muito de treinar com as nossas crianças e os nossos atletas, e todos o respeitavam muito. E o melhor de tudo era o respeito com que ele se dirigia às crianças e aos jovens atletas.”

Como exemplo da grandiosidade de Mário Sabino, Cavenaghi contou o que aconteceu há um mês num campeonato por equipes.O time de Bauru chegou à final contra o clube da cidade de Assis, que ele defendia.Ele abriu mão da disputa. Conversou com os dirigentes da entidade pela qual deveria lutar e disse quenão achava correto enfrentar os judocas que ele treinava no dia a dia.“Seu princípio ético era incomensurável”, lembrou o diretor do Sesi-Bauru.“Todos os contatos que tivemos com ele só enobreceram e engrandeceram o judô e os relacionamentos. Ele gostava muito de treinar conosco, e nós também gostávamos muito de treinar com ele.”

Amizade através dos tempos

Ex-atleta da seleção brasileira e um dos principais nomes da classe veteranos no Brasil, Elton Fiebig chamou para si a responsabilidade e pediu autorização à Federação Paulista de Judô para prestar homenagem ao amigo e seus familiares em Bauru, no que foi prontamente atendido pelo presidente Alessandro Puglia. O presidente da FPJudô acionou outro grande amigo de Sabino, Argeu Maurício de Oliveira, delegado da 3ª DRJ Centro-Sul, que tomou a frente do projeto. Com o apoio imprescindível da diretoria do Sesi-Bauru, Elton e Argeu prepararam a homenagem ao judoca bauruense.

Fiebig esclareceu que, ao contrário do que ocorre nas redes sociais, nas quais muito se fala e nada se faz, a iniciativa buscou reunir os amigos de Bauru e outros mais próximos não só para fazer uma homenagem, mas para dar uma satisfação à família e mostrar ao Mário ao menos um pouco do que ele foi e a importância que ele tinha para todos.

Um reconhecimento que, enfatizou Fiebig, faltou por parte dos que muito lhe devem. “Uma coisa que nos chateou demais foi a postura dos gestores da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que não se manifestaram e não tiveram o menor gesto solidariedade à família. O Mário Sabino era um dos técnicos da entidade, dedicava-se de corpo e alma à seleção brasileira, trocava seus dias livres com os colegas do batalhão para atender as necessidades da CBJ, mesmo sem ter nenhum contrato.E neste momento que a família precisa de apoio eles simplesmente publicaram uma nota de pesar com três ou quatro linhas, como se ele fosse um professor desconhecido.Não externaram um gesto sequer para a família de um profissional que se dedicou ao desenvolvimento damodalidade e da entidade.”

Depois do desabafo, Fiebigfalou sobre sua amizade com Mário Sabino.“Conheci-o em 1988,aos 16 anos,numa competição por equipes. Nós dois éramos sub 18, mas lutamos no sênior – eu acima de 95kg e o Mário até 71kg. Ele chamava atenção pela altura, quase 1,90m, muito magro. No fimde 1989 entramos no Projeto Futuro em São Paulo, elá fomos campeões paulistas e ganhamos o brasileiro.”

“Em 1990 fui morar no Japão, mas a amizade continuou. Em 1992 lutamos o mundial sub 21; eu conquistei uma medalha de bronze no meio-pesado e ele ficou em 7ºlugar no peso médio. Voltamos a morar juntos novamente em 1994 no Projeto Futuro e disputamos campeonatos universitários pela Universidade Santana por todo o País. Em 1995 fomos vice-campeões da Universíade em Fukuoka, no Japão. Em 1996 participamos da seletiva – ele não chegou à fase final e eu fui derrotado polemicamente pelo Aurélio Miguel na melhor de três. Este fato foi muito triste para mim pela forma como perdi, e passei a lutar apenas em eventos internos.”

A perseverança, porém, era um traço marcante na personalidade de Sabino, acentuou Fiebig. “Na seletiva de 2000 para Sydney, na primeira fase o Sabino ficou apenas entre os seis primeiros, mas com trabalho duro em pouco mais de seis meses venceu o até então invencível Aurélio Miguel e na final superou o Joseph Guilherme. Nos Jogos Olímpicos foi o 7º colocado e a partir de 2001, já com o apoio da CBJ, viajou e começou a trazer resultados, como ouro em 2003 nos Jogos Pan-Americanos e o bronze no mundial de Osaka. Em 2004 novamente integrou a seleção olímpica. Ele foi o sucessor do Aurélio Miguel, mostrando que as vezes a resiliência é mais importante do que o talento.”

Fiebig e Mário Sabino lutaram em São Caetano até 2010 e atualmente representavam a cidade de Assis, lutando na classe veteranos. “O Sabino era uma pessoa muito acima da curva em vários aspectos, e certamente sua falta será muito sentida por todos aqueles que o conheceram e tiveram a sorte de conviver com alguém tão especial”, lamentou Fiebig.

Argeu Maurício Oliveira destacou o comprometimento e a amizade que o uniram a um homem diferenciado e um judoca na acepção da palavra.

“Falar do Mário é sempre um enorme prazer porque ele marcou muito minha vida porque vivi com ele dois episódios muito importantes. Quando eu estava desistindo de ser professor, pedi para ele vir dar uma palestra para os meus alunos. Foi numa época em que ele estava indo para Sydney e eu vivia um momento político delicadíssimo. Aquele pequeno gesto me ajudou muito, e anos depois, quando fui promovido a kodansha, foi ele que me entregou a faixa vermelha e branca. Sempre tivemos uma ligação muito grande”, contou o dirigente da FPJudô.

“Fizemos esta homenagem para reforçar algo que ele prezava muito: a amizade e a união, e isso se estende à família dele. Quisemos que todos fossem ao encontro para mostrar a união e a amizade que nos torna especiais e faz do judô algo ainda maior. Prestamos uma pequena homenagem e ajuda à família Sabino, que enfrenta um momento dramático, e isso aflige a todos nós. Entendo que é justamente em situações como esta que devemos nos unir, assumir responsabilidade e mostrar dignidade. Não estávamos ali para lamentar a morte do Sabinão, e sim para celebrar os 47 anos que pudemos desfrutar a amizade, o comprometimento, o carinho e a grandeza do Mário Sabino”, expôs Argeu Maurício.

Depoimentos emocionados

Primeiro professor de Mário Sabino em Bauru e grande responsável pelo seu desenvolvimento técnico, o professor kodansha Artêmio Caetano Filho falou sobre a sua vivência com o icônico judoca paulista.

“Sem dúvida alguma, o Mário partiu muito precocemente, mas deixou um legado muito bacana para todos nós. Ele começou no judô em Barra Bonita, mas veio para cá ainda criança e ficou no Bauru Judô Clube até os 14 anos, quando se transferiu para o Projeto Futuro. A iniciação dele no judô aconteceu conosco, e nós sempre praticamos o judô tradicional e muito competitivo, e o Mário foi o nosso principal destaque.”

Diversos atletas de alto nível formaram-se com Artêmio, como Renata Pereira da Silva, Sílvia Garcia, Marcel Louzado, entre outros, e sua equipe sempre foi muito competitiva, marcando presença nos pódios de competições fortíssimas como o Torneio Beneméritos do Judô do Brasil e Jogos Abertos do Interior, entre outros.

Muito comprometido com tudo que fazia na vida, Mário destacou-se muito cedo no judô por sua obstinação e dedicação. Sempre foi um lutador de muita garra e um homem bastante empenhado em fazer a coisa certa também na vida profissional, na descrição de Artêmio. Sua trajetória para chegar à seleção brasileira foi bastante sofrida e só conseguiu sua vaga aos 28 anos de idade. Ele competia na categoria do Aurélio Miguel, um ídolo difícil de desbancar, sem falar em outros competidores fortes.

“Eu estava presente na Universidade Gama Filho, quando ele conseguiu vencer o Aurélio e os demais adversários, e conquistar sua vaga na seleção e obteve todos os resultados que nós conhecemos”, disse Artêmio. “Enfim, foi uma trajetória muito bonita, muito bacana, e eu acho que ele foi um dos principais atletas do judô do interior do Estado de São Paulo.”

E completou: “Para nós, Mário Sabino deixa um exemplo de força, a imagem de uma pessoa extremamente humilde, talvez seu principal legado para todos nós. A determinação e a humildade são suas principais características. Ele conseguiu tudo que buscou, mas o fez sem atropelar ou passar por cima de ninguém, dentro da ética e dos princípios que nos foram legados pelo sensei Kano”.

O presidente daFederação de Judô do Estado de Tocantins, Georgton Thomé Burjar Moura Pacheco, o Ton Pacheco, destacou a técnica refinada do judoca bauruense.

“Sempre fui meio-médio, enquanto o Mário Sabino era meio-pesado e confrontava meu melhor amigo do judô, o Joseph Guilherme. OSabino era aluno do sensei Artêmio, muito elogiado pelo meu sensei,Cid Yoshida,comoum estrategista de muitos recursos técnicos. Vi o Mário fazer uchi-mata muito parecido com o meu, pois temos as pernas longas e esse golpe é o mais apropriado a essa característica física. Lutamos uma única vez e perdi por shido. Além de ser muito forte, possuía técnica refinada; ele lutava sempre da forma correta, com o tronco ereto”, lembrou Ton Pacheco.

“Algo que marcou muito e é um dos melhores exemplos de sua resiliência, foi Sabino provar que era possívelchegar à seleção brasileira e disputar uma Olimpíada sem migrar para clubes grandes. Outra característica marcante era vê-lo sorrirsempre, serenamente,com a mesma cordialidade, para todos que o cercavam. Era umídolo, sempre assediado para tirar fotos, assinar camisetas e interagir com osfãs.Além do judô impecável, o Sabino possuía uma luz que o distinguia e o projetava em nosso cenário”, concluiu o dirigente tocantinense.

Floriano Paulo de Almeida Neto, um atleta que representou o Brasil em diversos eventos internacionais e depois se tornou um dos grandes formadores do Brasil, participou de uma fase importante da vida de Mário Sabino.Como um dos principais técnicos do Projeto Futuro, foi ele que o revelou, entrenumerosos talentos que serviram à seleção brasileira. Bastante sensibilizado com a perda do amigo, Floriano falou sobre a sua amizade com o multimedalhista bauruense.

“Falar do passamento do Mário Sabino é uma tristeza enorme, mas ter convivido com ele foi uma alegriaimensa. Em nosso primeiro contato ele ainda era um garoto de 14 ou 15 anos, no Projeto Futuro. Ficamos juntos por um bom tempo até eu ir para o Minas Tênis Clube, no início do ano 2000, mas voltamos a conviver quando ele assumiu o posto de capitão na seleção brasileira e eu era convocado como auxiliartécnico. Era ele que comandava o grupo dos atletas, eera meu braço direito, meu amigo e companheiro de trabalho. Possuía uma índole invejável, liderança nata e presença marcante, seja como atleta da seleção seja como membro da comissão técnica da seleção. O Mário escreveu sua história no judô brasileiro de forma extremamente positiva e sempre será lembrado como um judoca brilhante”, declarou Floriano, atual técnico do Flamengo.

Soldado e atleta exemplar

O tenente-coronel Ézio Carlos Vieira de Melo,comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar do Interior, parabenizou os judocas pela homenagem feita a um dos ícones da modalidade.

“Além de muito merecida e emocionante, a homenagem feita por dirigentes da Federação Paulista e o Sesi-Bauru ao Mário Sabino foi mais do que justa, por tudo aquilo que ele conquistou e construiu para o esporte. O Mário foi um ícone da modalidade e merecia uma despedida como esta. No evento eu tive também a oportunidade de conhecer o outro lado do professor Sabino, pois até então, como seu comandante, conheci apenas o policial militar. Uma pessoa querida por todos, camarada com os colegas de treino e alguém que ajudava muito as pessoas mais necessitadas. Enfim, um ser humano exemplar”, disse o comandante do 4º BPM-I.

Vieira de Melo chegou a Bauru em 2006, quando foi promovido a capitão, e não conhecia nada da corporação. “Quando vi o policial que na época era ainda o soldado Mário Sabino, perguntei se ele era o judoca que aparecia sempre na TV e a resposta foi positiva”, relembrou.“Fiquei surpreso porque teria um subordinado funcional que era um ídolo meu. Aliás, toda a corporação nutre grande admiração pelo policial que projetou a instituição no cenário esportivo brasileiro. Ter um esportista formado na escola de Educação Física da Polícia Militar que representa brilhantemente o País nas principais competições mundiais para nós foi sempre uma honra e entre nós ele sempre foi uma espécie de ídolo e alguém que todos admiravam muito.”

O comandante do 4º BPM-I enfatizou que a corporação tinha total compreensão da importância de Mário Sabino no mundo desportivo, e quando chegava uma solicitação para ele atuar como técnico da seleção brasileira, isso nunca era considerado um problema.“Para nós era uma honra e um orgulho saber que um de nossos homens tinha tamanha proeminência no cenário olímpico. O mais intrigante é que, apesar de toda a notoriedade que possuía, ele era uma pessoa extremamente humilde, executor de suas obrigações, um profissional dedicado e bastante atuante.”

Sabino trabalhava no policiamento da força tática, efetuava muitas prisões, mas jamais houve uma queixa de que ele tenha elevado avoz ou desrespeitado o direito de alguém. “Era um exemplo de judoca, um profissional exemplar e um cidadão diferenciado. Foi uma perda irreparável para o judô, para a corporação e para a sociedade”, lamentou o tenente-coronelVieira de Melo.

Dedicação, disciplina e retidão

O medalhista olímpico Tiago Camilo, amigo pessoal de Mário Sabino, enfatizou o legado de dedicação, disciplina e retidão do colega da seleção brasileira.

“O Mário deu enorme contribuição ao judô de São Paulo por suas conquistas, por sua postura ética e por seu comportamento dentro dos grupos de que participou em sua trajetória profissional. Ele foi sempre muito reto e transparente em suas decisões, e acima de tudo agiu sempre como um judoca. Aprendemos muito com ele e tivemos o prazer de tê-lo como amigo pessoal.”

Essa amizade começou na seleção brasileira, pela qual viajaram pelo mundo. “Ficamos sempre no mesmo quarto e posteriormente tive o prazer de recebê-lo várias vezes em casa. Ele teve uma participação enorme em minha vida esportiva, e todos que conviveram com ele tiveram a felicidade de aprender muita coisa com uma grande pessoa e grande atleta. Foi uma perda enorme, mas o Mário deixa histórias boas e um legado admirável”, disse Tiago Camilo.

Modelo de participação e humildade

Omar Miquinioty, head coach de Judô no Sesi SP, fez um agradecimento ao amigo que, mesmo integrando a elite da área técnica, sempre que estava em Bauru ajudava no preparo da equipe da instituição.

“Tenho de fazer um agradecimento ao professor Mário Sabino pela contribuição técnica que ofereceu a nossa equipe. Mesmo fazendo parte da comissão técnica da seleção brasileira, sempre que estava em Bauru ia ao nosso dojô, não para passear, mas para transmitir conhecimento e ensinar tudo que sabia”, revelou Miquinioty.

Segundo o head coach do Sesi-Bauru, Sabino não media esforços e era um ser humano extremamente humilde, admirado por todos. “Certa vez contou toda a sua trajetória para os mais jovens, e as crianças ficaram impressionadas com que ouviram. Aliás, toda a nossa equipe sentiu muito a sua morte, mas temos deresignar-nos e aprender com as lições deixadas por ele.”

Muitas lágrimas pela perda do amigo querido

Amigo de várias jornadas esportivas, o ex-atleta da seleção brasileira Francisco Camilo lamentou a interrupção da trajetória de Mário Sabino e afirmouque poucas pessoas conhecem a maneira como ele viveu e suacaminhada de sucesso no campo esportivo e militar.

“Conheci o Marião, primeiramente, pelas histórias que eram contadas no Projeto Futuro e depois com maior contato na A.D. São Caetano.Sempre que ia treinar conosco, ligava dizendo que já estava no Flecha Dourada e que logo chegaria.Flecha Dourada era o apelido que demos ao Expresso de Prata. Lembro que não foram as poucas vezes em que por algum compromisso de treino ou estudo, a frase de resposta era: a chave está com o porteiro, tem comida na geladeira e já deixamos café pronto.”

Ao voltarpara casa, Chicão Camilo contou queo encontrava vendo TV, sentado e bem ereto, como de praxe, de preferência vendo algum filme com tema militar.“Não foram poucas as vezes em que, ao ver tais filmes, lá pelas tantas, um olhava para o outro e via uma lágrima percorrendo os rostos e sempre vinha a mesma frase: Está ficando mole, hein guerreiro, assim não vamos caçar os caras no tatami.A sintonia era tamanha que quase falávamos a frase ao mesmo tempo.”

Camilo confessou que, no último domingo (27/10) ao se levantar, sentiu vazio grande por saber que não poderia mais encontrar aquele amigo.“Para celebrar nossa amizade coloquei algumas músicas que ouvíamos juntos, as lágrimas começaram a surgir de maneira tímida, e só quando minha esposa se aproximou e ofereceu seu ombro amigo pude encontrar forças para expressar minha tristeza sem constrangimento algum e deixar as lágrimas escorrerem livremente.”

Atualmente Chicão Camilo faz mestrado na Unesp e quandorecebeu convite do professor Alexandre Drigo para organizar um livro comemorativo ao Selo Literário do CREF/SP, chamou Mário Sabino, que era profissional de educação física, para participar da elaboração de um capítulo da coleção, o qual contará a trajetória de profissionais de destaque internacional do judô.

“Conseguimos finalizar o capítulo contando a história deste gigante, principalmente fora dos tatamis, pai de quatro filhos pelos quais nutria imenso carinho e orgulho, assim como de sua querida esposa Solange e de sua mãe. Nossa última conversa foi sobre a palestra que faria em Tarumã, e ele ficou muito feliz com o resultado do capítulo. A mensagem que ele nos deixoucabe em sua sempre usada frase: Nunca faltará força e honra para lutar.”

Por: Paulo Pinto – Fotos: Marcelo Ferrazolli/SESI SP

 

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