Nelson Leme revelou orgulho pelo projeto que, segundo ele, é realmente inspirador © Isabela Lemos / CREF4/SP
Numa iniciativa do Conselho Regional de Educação Física do Estado de São Paulo (CREF4/SP), com apoio da Federação Paulista de Judô (FPJudô), realizou-se na última sexta-feira (14) a cerimônia de abertura da segunda turma do Keisei no Michi, curso para formação de instrutores de judô.
O projeto Keisei no Michi – Caminhos da Formação faz parte do processo de profissionalização do judô paulista, iniciado pela Federação Paulista de Judô por intermédio da sua Comissão Científica, em parceria com o CREF4/SP, numa ação técnica de sua Câmara de Luta com apoio institucional da diretoria, da presidência e dos seus conselheiros.
A aula magna ministrada pelo professor kodansha Anderson Dias de Lima (CREF 008597-G/SP) reuniu no anfiteatro do CREF4/SP autoridades do governo estadual, do Conselho de Educação Física do Estado de São Paulo e da Federação Paulista de Judô. Participaram ainda cerca de 60 alunos da segunda turma do projeto, de forma presencial e virtual.
Depois de dar boas-vindas ao público, o cerimonialista lembrou que o CREF4/SP é a casa do Profissional de Educação Física. A seguir foi composta a mesa de honra, começando pelo anfitrião Nelson Leme da Silva Junior, presidente do CREF4/SP, seguido por Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; coronel Paulo Sérgio Merino, coordenador estadual de Esportes e Lazer de São Paulo; professor doutor Alexandre Janotta Drigo, presidente da Comissão Científica da FPJudô e diretor-geral do Keisei no Michi; e pelo professor kodansha Luís Alberto dos Santos, presidente da Câmara de Lutas do CREF4/SP e coordenador de cursos da FPJudô.
Após a formação da mesa foram anunciadas as autoridades presentes: Sérgio Barrocas Lex, vice-presidente da FPJudô; Hissato Yamamoto, delegado regional da capital; Cléber do Carmo, titular da 12ª Delegacia Mogiana da FPJudô e delegado do CREF4/SP; tenente Vagner Oliveira do Espírito Santo, conselheiro do CREF4/SP; Yoshiuki Shimotsu, coordenador da Comissão de Graduação da FPJudô; Massakatsu Akamine, professor kodansha; Hatiro Ogawa, coordenador do Centro de Excelência Esportiva de Judô do Estado; Arnaldo Queiroz, secretário-geral da FPJudô; Fernando Ikeda, chefe da governança da FPJudô e coordenador pedagógico do Keisei no Michi; Marcelo Fugimoto, coordenador de Marketing Digital da FPJudô; Sumio Tsugimoto, professor kodansha; Tomio Katsuragawa, representando o vereador Aurélio Nomura; e Henrique Guimarães, medalhista olímpico.
Após a execução do Hino Nacional, Luís Alberto dos Santos fez o primeiro pronunciamento, no qual, em nome da Câmara de Lutas, destacou a importância da continuidade do projeto, mencionando o sucesso da primeira turma.
“Fico muito feliz em fazer parte deste grupo tão seleto de professores, que me permite estar aqui ao lado do CREF4/SP atuando na Câmara de Lutas. Cumprimento todos os seus membros que participaram desse processo e os alunos que buscam conhecimento e capacitação para oferecer trabalho mais profissional. Com isso, constato que o judô sai na frente para o benefício da sociedade.”
Em seguida, o professor Alexandre Drigo ressaltou o valor do conhecimento, não só para o desenvolvimento profissional, mas também para o crescimento individual perante a sociedade. “Ressalto que nesta mesa de autoridades, na qual admiro todos os participantes, tanto pela posição política quanto pelo conhecimento da Educação Física e do judô, me incluo pelo conhecimento que busquei. Por isso dou boas-vindas aos nossos alunos, na crença de que ao buscar conhecimento eles se tornarão melhores professores, técnicos ou instrutores de judô, assim como cidadãos brasileiros.”
O coronel Merino declarou sua felicidade por estar entre judocas, apresentando sua gratidão ao sensei Mário Matsuda que, assim como o professor Luís Alberto, foi responsável pela sua formação no judô. Também ressaltou a importância da FPJudô nos processos educacionais de formação e parabenizar o projeto Keisei no Michi.
“Lembro-me de um curso que fiz no Esporte Clube Pinheiros, no final da década de 1980, em que ouvi uma frase da qual nunca me esqueci. Ela foi dita primeiro em japonês e depois traduzida, e dizia mais ou menos assim: “Ter conhecimento e não transmiti-lo é similar a ter um tesouro e deixá-lo apodrecer no fundo do mar. Conhecimento é um patrimônio que valoriza as pessoas, os profissionais e as instituições.” Unir o conhecimento tradicional ao aporte científico é algo grandioso feito pela FPJudô em conjunto com o CREF4/SP, e assim eu trago uma saudação do governador Tarcísio de Freitas, uma saudação da secretária de Esportes coronel Helena, parabenizando os alunos pela iniciativa de se capacitarem, tornando-se melhores na continuação do caminho do desenvolvimento do judô, na formação tanto de atletas quanto de cidadãos.”
Em seguida o presidente da FPJudô, Alessandro Puglia, quebrou o protocolo anunciando a presença de Andrea Berti, técnica da seleção brasileira feminina, e destacou o apoio da entidade ao projeto Keisei no Michi, enaltecendo a parceria com o CREF4/SP. Ressaltou também a importância da prática do judô que leva ao academicismo e ao conhecimento acadêmico, lembrando que essa é a característica dos membros da mesa, prevendo que esse projeto produzirá ótimos frutos para a sociedade. “
“Fico agradecido pela parceria do CREF4, porque desde o início o professor Nelson acreditou nesta iniciativa”, disse Puglia. “A federação se compromete a trabalhar intensamente para que esse processo perdure e aponte grandes caminhos na área educacional junto ao CREF4 e aos professores de Educação Física. Fica aqui meu desejo que os alunos estudem bastante e aproveitem o curso, pois dele sairão os novos profissionais para o judô.”
Por fim, o presidente Nelson Leme fez um breve relato sobre o projeto, atribuindo a ele uma nova fase da Educação Física em relação ao judô, “pois é um projeto que, além de ter as características do judô, se une a conceitos importantes da Educação Física para formar um elo único educacional”, e devido a isso defendeu que a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo leve o judô às escolas. E enfatizou que o judô é uma modalidade de lutas estritamente educacional, fundamentada em importantes aspectos pedagógicos.
O dirigente também ressaltou que o projeto Keisei no Michi é inovador e está sendo admirado em todo o Brasil, havendo até tentativas de copiá-lo. Reforçou que o CREF4/SP é um parceiro para a viabilização do projeto, mas que quem responde por ele é a FPJudô, mantendo a sua originalidade, e condenou quem o copiar sem o cuidado que a FPJudô teve ao elaborá-lo.
No fim de sua fala, o presidente Nelson reconheceu o esforço e a dedicação do professor doutor Alexandre Janotta Drigo por “respirar a Educação Física”. “Como presidente do CREF4, o reconheço como um dos melhores Profissionais de Educação Física de São Paulo e do Brasil. Senti-me orgulhoso, assim como o presidente Puglia, por este projeto, que é realmente inspirador, e não podemos perder isso.”
Em seguida, o conselheiro do CREF4/SP tenente Vagner Oliveira do Espírito Santo, apresentou o sistema CONFEF/CREFs, ressaltando as diferenças entre conselho profissional, associação de classe e sindicato.
“A associação relaciona-se a agrupamento organizado de indivíduos com objetivo comum, com adesão facultativa. O sindicato, também facultativo, defende os integrantes nas esferas judiciais e extrajudiciais, assim como os interesses da categoria que representa. A atuação sindical abrange toda categoria profissional, independentemente de o indivíduo estar ou não filiado. E a principal atribuição do conselho de classe é registrar, fiscalizar, orientar e disciplinar as profissões regulamentadas, portanto de registro obrigatório.” Por fim, o conselheiro Vagner abordou a questão do direito ao provisionamento.
Após a dissolução da mesa de autoridades, foi chamado ao púlpito o professor Anderson Dias de Lima, Profissional de Educação Física, especialista em judô e em psicomotricidade, e professor kodansha shichi-dan (7º dan), que conduziu a aula magna para a segunda turma do Keisei no Michi, com o título Desvendando o caminho.
Anderson descreveu o caminho desde a criação do judô até o atual curso Keisei no Michi e a parceria entre FPJudô e CREF4/SP, propondo os seguintes segmentos de análise: 1º refletir sobre a história do judô, sobretudo na avaliação dos princípios propostos e idealizados por Jigoro Kano; 2º analisar o progresso educacional técnico e pedagógico da FPJudô, especialmente a partir da década de 1990; e 3º estabelecer a resultante desta análise com o curso Keisei no Michi.
Nessa linha de pensamento, sensei Anderson transitou pelo judô em relação à sua cronologia e contexto geral, apoiando-se no pensamento de Jigoro Kano shihan, do caminho, da substituição do jutsu pelo dô.
“Eu tive várias razões para não utilizar o termo ju-jutsu, (…) e optar pelo termo judô. A razão principal é que dô (caminho) é o foco principal do que é ensinado pelo Instituto Kodokan, enquanto jutsu (arte) é algo secundário” (Jigoro Kano).
Sensei Anderson também lembrou a defesa de Kano sensei, enquanto método da educação física, por meio do aprimoramento, da disciplina mental e moral e do corpo forte e saudável que a prática do judô proporciona.
Dos caminhos de Jigoro Kano a aula encaminhou-se para a progressão organizacional, técnica e pedagógica da FPJudô, definindo a década de 1990 como de mudanças nessa organização pedagógica, orientado pela administração do sensei Hatiro Ogawa, que promoveu a democratização da gestão, a descentralização dos eventos com fases intermediárias entre o campeonato paulista e o regional e promoção do encontro de professores de judô do Estado de São Paulo.
Lima destacou ainda a participação do professor doutor Matheus Sugizaki na supervisão técnica da gestão Francisco de Carvalho Filho, que fez profundas mudanças pedagógicas na formação de faixas-pretas, de técnicos, de campeonatos e da ética do judô paulista, culminando na gestão atual do presidente Alessandro Puglia, que busca a excelência administrativa, valores pautados na transparência, responsabilidade, perseverança e ética, e na implementação da inusitada Comissão Científica e na importante parceria com o CREF4/SP.
Por fim Anderson apontou que todo esse caminho percorrido pelo judô começa com Jigoro Kano buscando instalar o judô enquanto método da educação física japonesa, até chegar ao judô paulista e ao encontro da FPJudô com CREF4/SP, quando o círculo se fecha, e o passado do judô japonês se ressignifica com o presente no Estado de São Paulo.