Professor kodansha kyuu-dan (9º dan) Miguel Suganuma © fpjcom
Numa iniciativa do vereador Paulo Roberto Cecchinato e da Prefeitura Municipal de Guarulhos, o dojô do Centro Esportivo João do Pulo foi rebatizado Sensei Miguel Suganuma, em homenagem a um dos grandes mestres do judô, formador de numerosos atletas, faixas-pretas e professores, falecido em 2021.
A cerimônia contou com a presença de várias autoridades políticas e esportivas, como Adriano de Freitas Gonçalves, secretário de Esporte e Lazer, representando o prefeito Gustavo Henric Costa; Alessandro Panitz Puglia, presidente da Federação Paulista de Judô (FPJudô); Paulo Roberto Cecchinato, vereador pelo PTB; Arnaldo Luiz de Queiróz Pereira, secretário-geral da FPJudô; Adib Bittar Júnior, coordenador financeiro da FPJudô; Henrique Guimarães, medalhista olímpico; Leandro Cseiman Dourado, vereador pelo PDT; Yoshiyuki Shimotsu, coordenador de graduação da FPJudô; professores kodanshas Hatiro Ogawa e Massakatsu Akamine; Helena Suganuma, esposa do sensei Miguel; Roberto e Ricardo Suganuma, filhos do homenageado; senseis Clóvis Veira de Melo, Alexandre Shinji Imamura e Maria Cristina; e Luiz Carlos Guenzo Hirata, médico cirurgião aluno do sensei Suganuma.
“Quando se fala do sensei Suganuma, surge um vasto dossiê do judô de Guarulhos, do qual ele foi mentor na época em que o município viveu seus anos dourados do rendimento esportivo”, relatou o vereador Paulo Roberto Cecchinato, autor do projeto de homenagem. “Ele atuou na Associação Atlética Guarulhos de 1978 a 1997, prestando grande serviço à população. Formou centenas de judocas, muitos dos quais hoje são professores e grandes cidadãos. Se há uma homenagem justa nestes quase 44 anos do Legislativo municipal, esta sem dúvida é a mais justa e merecida diante das conquistas e da dedicação do professor Miguel ao nosso município.”
Representando os alunos do homenageado, o doutor Hirata lembrou que não há muito o que falar do saudoso professor, bastando notar o carinho e o respeito que todos guardam por ele. “Não me refiro apenas ao conhecimento técnico que ele adquiriu e transmitia a todos sem distinção, mas à forma simples e sincera com que ele sempre se dirigia a todos. Sensei Miguel possuia uma forma extremamente peculiar de ver e viver a vida e deixou muita saudade em todos que viveram com ele. Quase todos os alunos dele o consideravam parte das suas famílias. Eu mesmo comecei com ele aos 16 anos e, além dos meus pais, ele foi a pessoa mais importante em minha vida. Não me ensinou apenas judô. Ensinou muita coisa, questionando sempre minhas atitudes erradas. Ele não me apresentou apenas o caminho criado por Jigoro Kano, ele mostrou o melhor caminho de vida e serei eternamente grato a ele”, disse Hirata.
Em nome da família, Roberto Suganuma agradeceu a homenagem prestada ao seu pai. “Primeiramente agradeço a presença de todos que estão aqui, ao vereador Paulo Roberto, ao presidente Alessandro Puglia e demais membros da diretoria da FPJudô, ao secretário Adriano de Freitas e o prefeito Guti, sensei Zeca, José Jantália, pelas importantes palavras, e demais responsáveis pela carinhosa homenagem ao meu pai. Desejo que todas as pessoas que frequentarem este dojô pratiquem verdadeiramente o judô, não somente nos tatamis, mas em suas vidas, pois foi assim que meu pai viveu e disseminou o judô em São Paulo e no Brasil. Isso certamente deixaria meu pai muito feliz.”
Após cumprimentar os familaires e autoridades, Alessandro Puglia destacou o legado de Suganuma sensei para São Paulo e para o Brasil. “Esta homenagem nos permite avaliar a importância do legado do professor Miguel. Ele viveu o judô como um sacerdócio e conduziu várias gerações ao pódio, tanto no shiai quanto no kata. Eu mesmo tive a felicidade de aprender muito com ele. Seu conhecimento era gigantesco e ele ensinava tudo que sabia, pois ele era uma pessoa inspiradora e extremamente positiva. Sensei Suganuma não foi apenas um professor de judô especial, foi um homem especial e admirado por todos que o conheciam. Dou os parabéns ao verador Paulo Roberto e ao prefeito Guti.
Adriano Gonçalves, secretário municipal de Esporte e Lazer, destacou a justa homenagem ao trabalho realizado pelo sensei Suganuma, que gera frutos até hoje. “Estamos muito felizes em honrar esse esportista tão importante. Nós vemos aqui muitas pessoas que passaram pelas mãos dele e hoje replicam o aprendizado. Prova disso é ver o ginásio cheio de crianças, desenvolvendo a modalidade”, disse.
Após a cerimônia, cerca de 355 judocas de 13 agremiações participaram do Festival de Judô Miguel Suganuma no ginásio do centro social e esportivo João do Pulo. Centenas de famílias lotaram as arquibancadas para homenagear um dos mais ilustres e capacitados professores de judô do Brasil.
O professor de judô de Guarulhos Clóvis Vieira de Melo destacou a importância de reverenciar aqueles que antecederam a nova geração e deram suas vidas pelo ideal de manter acesa a chama dos princípios e fundamentos do judô.
“É importante lembrar que na época em que o sensei Miguel Sugamuna decidiu viver para o judô não existia o profissionalismo de hoje. Mesmo assim ele e mais uma centena de senseis deram suas vidas para disseminar aqui em São Paulo o legado de Jigoro Kano, algo que naquela época não fazia parte da nossa cultura, mas hoje faz. O judô agora é a modalidade esportiva com melhor retrospecto de rendimento olímpico e uma das modalidades esportivas mais praticadas no Brasil. E devemos isso oas abnegados senseis que nos antecederam e neste sentido o governo de Guarulhos está dando exemplo para as demais cidades de São Paulo.”
O professor kodansha kyuu-dan (9º dan) Miguel Suganuma foi um dos melhores competidores no limiar dos anos 1960, época em que despontavam grandes nomes como Liofei Shiozawa, Massayoshi Kawakami, Chiaki Ishii, Hikari Kurachi, Georges Mehdi, Akira Ono e Odair Borges, entre outros, quando o judô ainda era uma espécie de religião.
Entre os melhores que conheceu e enfrentou em cima dos tatamis, Miguel Suganuma citava sempre Liofei Shiozawa, Massayoshi Kawakami e Georges Mehdi.
Suganuma nasceu em Presidente Bernardes (SP) em 2 de março de 1937 e começou no judô em 1953 com o sensei Yoshimitsu Kussabara. Em 1956 seus pais Suekite e Tsuteyo mudaram-se para São Paulo e ele procurou os dojôs dos irmãos Ono e do sensei Hikari Kurachi, mas ambos estavam muito além das suas possiblidades financeiras.
Quis o destino que ele se acertasse com o professor Yoshio Kihara, recém-chegado de Tóquio, que havia montado seu dojô no Parque Dom Pedro, denominado Associação Kodokan de Judô. Lá trabalhou como assistente e desenvolveu extraordinariamente sua técnica, inclusive nas formas do kata, introduzidas no Brasil pelo seu novo sensei, professor Kihara, que se tornou seu grande companheiro e amigo.
Em entrevista concedida à revista Budô, sensei Miguel Suganuma revelou que, graças à sua vivência e ao aprendizado com Kihara sensei, por anos seguidos ele foi o uke dos mestres japoneses do Instituto Kodokan que vinham ao Brasil e à América do Sul. O professor Miguel Suganuma faleceu em 2021, aos 84 anos, deixando, além da família, milhares de judocas que o admiravam muito em todo o País.