Certame reuniu 780 atletas na arena Ulbra de Canoas (RS) © Anderson Neves
Com o apoio da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) a Federação Gaúcha de Judô (FGJ) realizou nos dias 1 e 2 de abril, em Canoas (RS), o Campeonato Brasileiro da Região V. A competição, que anualmente reúne os melhores judocas dos Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, envolveu disputas nas classes sub 13, sub 15, sub 18, sub 21 e sênior nas categorias feminina e masculina.
Segundo a FGJ, 780 judocas participaram do certame e a delegação paulista foi a maior de todas, com 204 atletas, enquanto o Paraná levou 203. Os anfitriões inscreveram 187 atletas e os catarinenses, 186.
Além da maior equipe da competição, a Federação Paulista de Judô (FPJudô) enviou a Canoas uma comissão técnica bastante expressiva, integrada por 17 técnicos das principais equipes do ranking estadual. Isso permitiu que todos os atletas fossem devidamente assistidos e cuidados, dentro e fora dos tatamis. Para cada classe foram definidos cinco técnicos, que se revezavam sucessivamente no shiai-jô.
Nos tatamis São Paulo mostrou excelente qualidade técnica e muita determinação, disputando nada menos que 91 finais que resultaram em 136 medalhas, sendo 54 de ouro, 37 de prata e 45 de bronze.
Uma falha recorrente nesta edição, e já vista antes em brasileiros regionais, foi a demora, com competições acabando por volta da meia-noite, o que é prejudicial a todos os setores envolvidos no esporte. Segundo o presidente da FGJ, Luiz Bayard Martins dos Santos, o problema foi estrutural e não pontual.
“A competição mostrou bom nível técnico, com uma estrutura do nível da CBJ”, explicou. “No primeiro dia, o evento durou mais do que o programado, mas essa foi uma situação que ocorreu em todos os regionais com mais de 750 atletas. Já estamos estudando com a CBJ uma reformulação da competição, no sentido de ampliar o número de áreas ou aumentar os dias da disputa para que isso não ocorra mais.”
São Paulo amealhou 43% das medalhas em disputa, mas o ponto alto da campanha não foi o número expressivo de medalhas obtidas e sim a cor delas. Após dois dias de disputa os paulistas abocanharam nada menos que 68% das medalhas de ouro e 50% das medalhas de prata, o que qualifica ainda mais o desempenho bandeirante.
Juntos, catarinenses, gaúchos e paranaenses conseguiram apenas 26 medalhas de ouro, ou seja, 32% das colocadas em disputa e menos que a metade das 54 medalhas obtidas por São Paulo. Uma marca verdadeiramente surpreendente.
Enquanto São Paulo consolidou mais uma vitória irrefutável, o Paraná firmou-se na vice-liderança da competição regional mais forte e competitiva do judô brasileiro arrebatando 69 medalhas, sendo 14 de ouro, 15 de prata e 40 de bronze.
Em terceiro lugar, os anfitriões totalizaram 64 medalhas, sendo dez de ouro, 18 de prata e 36 de bronze. Na quarta colocação, a equipe catarinense acumulou 47 medalhas, sendo duas de ouro, dez de prata e 35 de bronze.
É importante destacar que os paranaenses construíram o resultado dentro da casa do seu adversário direto, brigando bravamente por cada vaga nos pódios das cinco classes em disputa. Foi realmente uma batalha vibrante para ambos os selecionados.
Marco Aurélio Uchida, cordenador técnico da FPJudô, lembrou que na temporada passada São Paulo obteve um resultado parecido, mas neste ano a conquista foi emblemática por ter ocorrido na casa dos principais adversários dos paulistas nos certames regionais e nacionais.
“Realmente construímos um resultado muito bom. O regulamento mudou e neste ano levamos um número menor de atletas, mas mesmo assim mantivemos praticamente a mesma performance, conseguindo o primeiro lugar no quadro geral de medalhas e nos naipes feminino e masculino da classificação individual.”
“Foi um evento grande e cansativo, mas mesmo assim nossos técnicos conseguiram manter o foco no rendimento e mais uma vez saímos vitoriosos”, prosseguiu Uchida. “Em nome da diretoria agradeço aos professores que compuseram nosso corpo técnico e os parabenizo, bem como o sensei Yoshio Kimura, chefe da delegação, que conduziu toda a equipe a mais uma vitória expressiva já no primeiro evento da CBJ desta temporada.”
Integraram a comissão técnica paulista os técnicos Alexandre Lee, Amanda Cavalcanti de Oliveira, Bruno Theobaldo Santos, Carlos Eduardo Modesto, Carlos Kyra Yamazaki, Douglas Vieira, Eloy Pereira Costa, Giovani Marcon, Jair Leite Gimenes, Jefferson Luiz dos Santos, Marcelo Fuzita, Marcos Inácio, Marcos Sabino, Maria Suellen Althmann, Nicolas Felipe Almeida, Renato Yoshio Kimura, Ricardo de Lara Julianetti e Tatiana Letícia de Carvalho Venâncio.
Presente nos dois dias da competição, Alessandro Panitz Puglia mostrou certo orgulho pelo trabalho realizado pelos técnicos e atletas paulistas no Rio Grande do Sul.
“Todo mundo que acompanha um campeonato brasileiro regional sabe que a competição se desenrola como uma onda gigantesca, que chega e acaba atropelando todo mundo devido ao ritmo frenético e, principalmente, pela competitividade existente”, disse o dirigente, que comemorou mais um início de temporada com muitas vitórias.
“Na semana passada concluímos a segunda fase da Copa São Paulo batendo recorde de atletas na competição. Para nós, que há décadas vivemos o esporte federativo, é muito gratificante ver o judô pulsando forte de novo e perceber uma nova geração aguerrida e determinada em fazer história. Cumprimento nosso colega Bayard, que não mediu esforços para realizar um grande evento, bem como os colegas Helder Marcos Faggion, presidente da FPrJ, e Moisés Gonzaga Penso, presidente da FCJ, que desenvolveram todos os esforços necessários para que juntos escrevêssemos mais uma página da modalidade desses quatro importantes celeiros do judô brasileiro. Nos pontos São Paulo pode ter acabado na frente, mas a vitória pertence a cada um dos judocas que aqui estiveram dando a sua contribuição pessoal para a competição.”
“Estabelecemos uma conexão, e acho que esta foi a nossa conquista mais importante.”
O chefe da delegacção paulista, professor Renato Yoshio Kimura, coordenador técnico do Judô Clube Mogi das Cruzes, destacou o sincronismo de toda a comissão técnica paulista.
“Já saímos de São Paulo com metas e funções traçadas e o grupo atuou exatamente dentro daquilo que havíamos estabelecido. O entrosamento e o comprometimento dos nossos 17 técnicos foram decisivos. Já no primeiro dia da disputa abrimos grande vantagem, mas, em vez de nos acomodarmos, fomos em busca de mais e mais resultados. Apesar das dificuldades, superamos até as metas que havíamos traçado.”
Acácio Rodrigo, professor da cidade de Pedreira, foi a Canoas para acompanhar os alunos da Associação Estadual de Judô Acácio Rodrigo. “Nossos três atletas convocados representaram muito bem o Estado de São Paulo no Brasileiro da Região V. Conseguimos uma medalha de prata, com Elisa de Freitas Rodrigues, peso meio-pesado sub 13; uma medalha de bronze, com Heitor Cunha Marques, peso pesado sub 15; e um quinto lugar com Isadora Caroline Neri, peso pesado sub 15.”
Além de comemorar o resultado, o professor pedreirense parabenizou a comissão técnica paulista. “Agradeço, de coração, o carinho, o comprometimento e o empenho dos técnicos por terem zelado pela integridade física e psicológica dos mais de 200 atletas que compuseram a nossa seleção. Destaco e agradeço também o excelente suporte proporcionado pela FPJudô a toda a equipe em Canoas. Se mantivermos este espírito de união, voltaremos a ser imbatíveis nacionalmente”, disse o sensei, que ainda elogiou todas as equipes paulistas que cederam atletas para compor a seleção do Estado de São Paulo.
O vice-campeão olímpico Douglas Eduardo Vieira, primeiro judoca do País a chegar a uma final de Jogos Olímpicos, hoje é supervisor de judô do Club Athletico Paulistano e fez uma análise bastante realista do andamento e dos desdobramentos de uma competição que em Canoas voltou a ter maior expressividade.
“Esta edição do sul-brasileiro foi muito bem valorizada pelo número de lutas, bem como de atletas e membros de comissões técnicas envolvidos. Foi uma competição que permitiu avaliar muito bem o desempenho de todos os atletas”, disse o supervisor do Club Athletico Paulistano. “Sobre São Paulo, lembro daquilo que falei em uma reunião há dois anos, quando ainda estávamos retornando timidamente da pandemia. Disse que a partir do momento em que a gente fizesse um planejamento legal e um plano de trabalho bacana, com todo o pessoal top do Estado, São Paulo iria reassumir o lugar dele, e eu acho que esta competição já mostrou isso claramente.”
Pontuando que o número de medalhas de São Paulo foi expressivamente superior, Douglas enfatizou que a competição foi muito útil para São Paulo, mas não somente pelas medalhas conquistadas.
“Todos os membros da equipe técnica trabalharam exaustivamente, sem exceção, mostrando total engajamento. Não interessava se o judoca era do Pinheiros, do Paulistano ou do Sesi. Não importava de onde era o atleta. Todos indiscriminadamente defenderam as cores de São Paulo. Onde havia um atleta nosso, havia um profissional dando instruções, cuidando, incentivando, zelando e falando com ele, dividindo cada estágio da competição. Isso ocorreu principalmente com os atletas da base, muitos dos quais saíram pela primeira vez de nosso Estado para competir. Estabelecemos uma conexão, e acho que esta foi a nossa conquista mais importante. Também estabelecemos uma divisão de responsabilidades, na qual grupos de cinco técnicos cuidavam de uma determinada classe de idade, e isso foi bastante importante.”
Falando objetivamente sobre a demora que houve na competição, Douglas Eduardo Vieira explicou que a origem do problema foi relacionada à Plataforma Zempo, que chegou a ficar mais de uma hora travada, mais de uma vez.
“A FGJ realizou um grande evento, mas, até mesmo pela importância dele, este campeonato poderia ter-se realizado em seis áreas, e não em quatro, sobrecarregando espectadores, técnicos, árbitros e atletas. Cansado, o árbitro pode não avaliar da maneira como deveria, o técnico se irrita com qualquer coisa, e isso acaba estressando todo mundo. Acho que esta questão deveria ser revista, até mesmo para melhorar a qualidade do evento. Esta mudança no Zempo é premente, mas entendo que é apenas uma questão do tempo rever conceitos e aumentar o número de áreas.”,
Vendo a disputa de forma mais pessoal, Douglas lembrou que em Canoas o Club Athletico Paulistano construiu um excelente resultado. “De resto reitero que a federação gaúcha fez um grande evento. A nossa equipe de dez atletas conquistou oito medalhas, um resultado muito importante.”
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