Wagner Tadashi Uchida e Paulo Roberto Alves Ferreira, campeões do ju-no-kata, yudan masculino © fpjcom
O Campeonato Paulista de Kata 2022 foi marcado pelo ineditismo: pela primeira vez a coordenação técnica da Federação Paulista de Judô (FPJudô) realizou a competição de forma isolada, e não mais simultânea ao torneio de shiai. A experiência deu certo, agregou qualidade à competição, e o formato foi adotado permanentemente.
Realizado no Ginásio Poliesportivo Municipal Adib Moisés Dib, em São Bernardo do Campo (SP), o Campeonato Paulista de Kata desta temporada reuniu 91 duplas nas disputas de nage-no-kata, kime-no-kata, katame-no-kata, ju-no-kata e kodokan goshin jutsu. Mas o grande destaque desta edição foi a inclusão da classe aspirante.
Comandada pelo mestre de cerimônias José Antônio Jantália, a cerimônia de abertura reuniu autoridades esportivas e políticas como Alessandro Panitz Puglia, presidente da FPJudô; Alex Mognon, secretário de Esportes e Lazer de São Bernardo do Campo; Joji Roberto Kimura e Sérgio Barrocas Lex, vice-presidentes da FPJudô; Arnaldo Luiz de Queirós Pereira, secretário-geral da FPJudô; Luís Alberto dos Santos, coordenador de cursos e de kata da FPJudô; Marco Aurélio Uchida, cordenador técnico da FPJudô; Fernando Ikeda Tagusari, chefe de governança da FPJudô; Celso de Almeida Leite, delegado da 15ª DR Grande Campinas; André Gustavo Costa Gonçalves, delegado da 13ª DR Alta Sorocabana; e os professores kodanshas Michiharo Sogabe, Yoshihiro Sakashita, Antônio Roberto Coimbra, Leandro Alves Pereira, Rioiti Uchida, Wagner Antônio Vettorazzi e Osvaldo Hatiro Ogawa, ex-presidente da FPJudô.
Após a execução do Hino Nacional e a realização do rei inicial comandado pelo conceituado árbitro Marcus Michelini, foram formadas as bancas examinadoras das oito áreas de disputa e as 91 duplas inscritas iniciaram a apresentação dos katas.
Um dos principais diferenciais da competição de kata reside na arbitragem, que demanda professores com profundo conhecimento da prática. Modalidade desenvolvida com o propósito de ensinar os aspectos básicos das técnicas do judô e sua etiqueta, é por meio dela que o uke e o tori podem trabalhar juntos a fluência dos movimentos.
Luís Alberto dos Santos explicou como são feitas as escalas dos juízes que atuam nas competições de kata e nas provas para exames de graduação, fundamentadas na execução dos katas.
“Até pouco tempo atrás a arbitragem no kata era executada por professores de origem japonesa, em sua grande maioria, que detinham maior conhecimento da prática correta dos katas. Com o tempo os professores brasileiros mais novos foram aprendendo e se aperfeiçoando com esses professores e hoje felizmente temos um quadro de juízes bastante capacitado e, de certa forma, muito mais jovem”, disse o dirigente.
O coordenador de kata lembrou que o fato de haver um número expressivo de professores com bom conhecimento de kata tem sido um fator de fomento do estudo e de sua prática no Estado de São Paulo.
“Estamos vendo até duplas com 12 anos de idade, e isso nunca existiu. Somente os professores bem mais velhos se interessavam pelo estudo e pela prática do kata. Hoje os jovens se interessam, e quem ganha com isso é o judô paulista. Um jovem que vivencia os katas adquire um conhecimento muito mais amplo das técnicas, e isso é uma conquista enorme para quem participa das disputas de shiai (lutas). Estamos avançando muito tecnicamente e isso deve ser cada vez mais estimulado”, expôs Luís Alberto.
Grandes referências técnicas do judô paulista atuaram na arbitragem do Campeonato Paulista de Kata 2023, como os professores Antônio Roberto Coimbra, Marcus Michelini, Clóvis Vieira de Mello, Maria Cristina Amorim Antunes, João José da Silva Velloza, Leandro Alves Pereira, Laryssa Thabyda Magalhães Silva, Leonardo Arashiro, Ricardo Ozaki, Rafael Rossi, Vinícius de Almeida Grassi, José Camaroto, Francis Minoru Endo Ura, Felipe Gimenes Moyano e Leonardo LuísVendrame.
A coordenação tecnológica do Campeonato Paulista de Kata ficou a cargo de Alexandre Ricardo Nardi, professor san-dan desenvolvedor do software que lê as fichas de avaliação dos competidores elaboradas pelos juízes, produzindo resultados cada vez mais rápidos e assertivos. Já a coordenação geral da arbitragem, mais uma vez, ficou a cargo do professor kodansha Luís Alberto dos Santos. Sensei Alexandre Nardi foi auxiliado por José Eugênio Junqueira Hudson.
A Associação de Judô Alto da Lapa manteve a tradição e foi a campeã geral do Campeonato Paulista de Kata de 2023, conquistando cinco medalhas de ouro, duas de prata e uma de bronze. Comandada pelo laureado professor kodansha Rioiti Uchida, a equipe da Zona Oeste de São Paulo totalizou oito pódios na competição.
Praticamente colada na campeã geral, o Judô Shinohara firmou-se na segunda colocação, obtendo cinco medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze. A tradicional escola fundada em 1956 pelo saudoso professor kodansha juu-dan (10º dan) Massao Shinohara é um dos principais núcleos de estudo e fomento do kata no Brasil. A equipe, que também é da Zona Oeste, totalizou oito medalhas.
A terceira colocada foi a equipe da Secretaria de Esportes e Recreação de Jacareí, que conquistou três medalhas de ouro, uma de prata e duas de bronze, totalizando seis pódios. Capitaneada por Airam Rodrigues da Cunha, a SER Jacareí desenvolve excelente trabalho na base no tocante ao estudo e à prática do kata. A conquista da terceira colocação geral é uma premiação justa a um professor que ultrapassa os limites do shiai na busca de mais conhecimento e do aperfeiçoamento técnico dos seus jovens alunos.
Responsável pelo aprimoramento técnico das quatro duplas que participaram da classe aspirante, sensei san-dan Airam avalia que a criação desta categoria impulsionará ainda mais a difusão do kata paulista.
“Nossa equipe foi a São Bernardo com 18 judocas de todas as faixas etárias, e todos os competidores inscritos na classe aspirante eram de Jacareí, sendo que o mais novo deles, Miguel Machado, tem apenas 12 anos. As quatro duplas da classe recém-criada são nossos alunos, ou seja, fizemos o campeão, o vice e os dois terceiros colocados, e isso é motivo de muito orgulho para todos nós.”
Seguindo os passos da Federação Internacional de Judô (FIJ), no ano passado a FPJudô separou os eventos de shiai e de kata, e como o enfoque agora é outro, pedimos ao experiente árbitro go-dan (5º dan) Marcus Michelini, fervoroso estudante e praticante de kata, que avaliasse o certame que já consolidou o novo sistema de contagem de pontos. Há itens que podem ser melhorados.
“Antes de mais nada, é importante frisar que neste ano o Campeonato Paulista de Kata se agigantou com a criação de novas classes de disputa. Comprovadamente foi um grande sucesso, obtendo-se o mesmo número de apresentações da Copa São Paulo, que é um evento de âmbito nacional. Isso é o reflexo do trabalho realizado pelo nosso departamento técnico coordenado pelo sensei Marco Aurélio Uchida e pelo incansável coordenador de kata, sensei Luís Alberto dos Santos. Há, porém, um quesito que pode melhorar e já consta da lista do nosso departamento técnico: ampliar a montagem das áreas de competição para o tamanho 8×8 (padrão internacional). A FPJudô possui tatamis de sobra para tanto, porém, às vezes esbarramos no problema das dimensões da quadra do ginásio ou da realização de outro evento na sequência, como ocorreu agora.
Para Marcus Michelini, os destaques desta edição do Paulista de Kata foram a criação de novas classes de disputa, que certamente fomentarão ainda mais a prática e o estudo dos katas, e a utilização do novo software de contagem de pontos desenvolvido pelo núcleo de estudos da Associação Judô Kata Team (JKT), na pessoa do sensei dan-dan (3º dan) Alexandre Ricardo Nardi, PhD em processamento de dados.
“Este software foi desenvolvido com base nos critérios de avaliação de kata da Federação Internacional de Judô e criado pelo núcleo da JKT com o intuito de ser disponibilizado gratuitamente em sete idiomas para o uso de competições de kata em nível mundial.”
Michelini enfatizou que o novo sistema de avaliação foi bem recebido pelo departamento técnico da FPJudô e por todo o staff da entidade que, a partir de agora, o utilizará de forma plena.
“A utilização do novo sistema propiciou um gerenciamento da competição de forma muito ágil, com a divulgação das pontuações de cada apresentação de kata quase de forma simultânea. A contagem dos pontos é feita de maneira mais segura ágil, por escaneamento e rechecagem das fichas. Parabenizo todos os envolvidos pelo alto nível atingido em todos os quesitos dos campeonatos de kata realizados em nosso Estado, realidade mais evidente a cada ano.”
Michelini ainda enumerou as principais características necessárias a um praticante ou professor de judô para se tornar juíz de kata.
“Um juiz de kata deve possui a graduação mínima de san-dan (3º dan), ser praticante assíduo, estudioso, e buscar sempre se atualizar. Devido à implementação dos critérios de avaliação de kata da FIJ, o coordenador de kata da FPJudô, sensei Luís Alberto dos Santos, instituiu módulos de aperfeiçoamento de todos os katas. Estes módulos são primordiais e necessários ao estudo contínuo para aqueles que já são juízes e aos que desejam ser. No último mês de março foi realizada a avaliação de todos os juizes do Estado de São Paulo.”
Sucesso total. Foi assim que Luís Alberto dos Santos avaliou esta edição do paulista de kata. “Recebemos praticamente o mesmo número de duplas inscritas na Copa São Paulo e eu pude manter os mesmos juízes e as mesmas bancas daquela competição.
“Realizamos um encontro presencial com todos os juízes, no qual apresentamos os resultados da Copa São Paulo, discutimos bastante e alinhamos muitos procedimentos. Fizemos ajustes de conteúdo, esclarecemos dúvidas e padronizamos a forma de agir em determinadas situações. As bancas foram mantidas nos mesmos katas, e com isso os integrantes estão se especializando e discutindo entre eles as situações vividas”.
Outro ponto importante, segundo o coordenador de kata da FPJudô, foi o funcionamento do sistema de contagem de pontos. “Desta vez tivemos máquinas suficientes e conectadas, o que não ocorreu na Copa São Paulo, quando houve atraso na divulgação dos resultados. Agora em poucos minutos já estava tudo resolvido e o próprio sistema alinhava a classificação das duplas. Foi tudo perfeito.”
A grande novidade para o sensei Luís Alberto foi trabalhar com a categoria aspirantes. “Nós criamos esta classe para estimular a prática e o estudo do kata e somente no nage-no-kata até o uchi-mata e foi espetacular. Pudemos contar com a participação brilhante de quatro duplas.”
Sensei Luís avalia que este é um caminho sem volta. “Estamos indo ao encontro daquilo que é feito nas competições internacionais e da própria CBJ, seguindo os mesmos critérios e sistemas de apuração e avaliação utilizados pela FIJ.”
O coordenador lembrou o início foi bem difícil, mas pouco a pouco a qualificação e a capacitação dos juízes estão melhorando. “Tivemos uma curva de discrepância das notas bem menor que a esperada, inclusive em comparação com o primeiro campeonato mundial da FIJ, no qual houve discrepância bem maior entre as notas dos juízes. Foi por isso que eu mantive o mesmo trio em cada kata, para termos maior base de comparação com a Copa São Paulo. Dessa forma o nível de credibilidade é altíssimo.”
Luís Alberto elogiou o empenho da Federação Paulista de Judô, que proporcionou um resultado extremamente positivo neste segundo evento. “A FPJudô não mediu esforços e atendeu às minhas solicitações quanto a fazer testes e adequar os equipamentos para realização deste evento. Foi justamente esta confiança, esta sinergia, que ocasionou um resultado extremamente positivo.”
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