FPJudô cria Comissão de Mulheres para incentivar a participação feminina em todos os setores da modalidade

A criação da Comissão de Mulheres oferecerá maior resguardo a todos os setores do judô feminino paulista © fpjcom

Outro objetivo da comissão da mulher é assegurar acolhimento em casos de denúncia de atos de preconceito de gênero e de assédio sexual ou moral.

Por Paulo Pinto / fpjcom
3 de setembro de 2023 / São Paulo (SP)

A Federação Paulista de Judô (FPJudô) criou em agosto a Comissão de Mulheres, departamento que fomentará a Equidade de Gênero e Empoderamento Feminino com o objetivo de promover a igualdade de gênero e garantir o acesso e a participação plena das mulheres em todos as áreas da modalidade, como a esportiva, técnica, arbitragem e gestão. Essa comissão será também responsável por desenvolver políticas e ações contra o assédio sexual e moral e dar mais poder às mulheres no esporte.

A primeira formação da Comissão de Mulheres tem como integrantes Solange de Almeida Pessoa Vincki, vice-presidente da FPJudô, como presidente; Marilaine Ferranti Antonialli, coordenadora adjunta de arbitragem da FPJudô, como vice-presidente, ao lado da ex-atleta Soraia André César; Rogéria Cozendey da Silva, coordenadora de veteranos feminino; e Edna Pioker de Lima, coordenadora de arbitragem da 14ª DR Vale do Ribeira.

Solange de Almeida Pessoa Vincki, presidente da comissão recém-criada © fpjcom

Fernando Ikeda Tagusari, chefe de governança da FPJudô, participou do processo desde o começo. “Tive o privilégio de ajudar no pontapé inicial desta iniciativa, porém destaco que os verdadeiros méritos residem nos membros e seus esforços para assumir esta responsabilidade”, afirmou. “Essa comissão nasceu de um propósito inspirador em agosto, mês em que se comemora o dia internacional da igualdade feminina.”

Ikeda ressaltou a presença de pioneiras e figuras de destaque de cada segmento do judô na comissão, conhecedoras dos desafios e das lutas que as mulheres travam para conquistar seu espaço. “O objetivo é moldar um futuro no qual o judô seja um ambiente genuinamente inclusivo e todas as vozes tenham o espaço que merecem”, completou. “Essa unidade de propósito, guiada pela busca pela justiça e igualdade, é um testemunho do poder da colaboração e da visão compartilhada.”

Integrantes adiantam propostas

“Eu acredito que com esta comissão as mulheres vão sentir-se mais seguras de relatar fatos como assédio sexual e moral e confiantes para levar as denúncias adiante. Para isso daremos apoio, uma palavra amiga, enfim, acolhimento”, afirmou a presidente Solange Pessoa de Almeida Vinck. Ela acredita que a comissão constitui o grande diferencial da federação porque também fará campanhas de conscientização, cursos e outras ações que abram espaço para as mulheres.

Fernando Ikeda Tagusari, chefe de governança da FPJudô e mentor da Comissão de Mulheres © fpjcom

Marilaine Ferranti Antonialli lembrou que a primeira ideia sobre a necessidades de uma comissão voltada para as mulheres surgiu de uma conversa com o professor Fernando Ikeda sobre a dificuldade de formar árbitras, cumprindo recomendação da CBJ e da própria Federação Internacional de Judô sobre a participação feminina. Na ocasião, Ikeda prontificou-se a conversar com o presidente Alessandro Puglia e com a vice-presidente, professora Solange, que logo abraçaram a ideia e tudo deu certo”, comemorou a dirigente.

“Essa comissão nasceu de um propósito inspirador em agosto, mês em que se comemora o dia internacional da igualdade feminina.”

“Acho necessário a mulher ter representatividade no judô paulista, pois há pouca delas nos vários segmentos do judô, seja como atletas, árbitras, oficiais técnicas e dirigentes”, explicou a professora Marilaine. “Por isso acho muito importante fazer alguma coisa a respeito, acabar com o estigma de que judô não é para mulher, embora atualmente isso tenha diminuído bastante.”

A professora Marilaine informou que a comissão vai fazer um trabalho em campo para conhecer as dificuldades que as mulheres enfrentam e o que elas pensam sobre trabalhar dentro do judô. “Eu acho que com uma conversa a gente consegue alinhar muita coisa, tanto em relação ao preconceito quanto ao assédio moral e sexual que elas enfrentam – e não só no judô.”

Marilaine Ferranti Antonialli, vice-presidente da Comissão de Mulheres © fpjcom

Ela admite que vai levar algum tempo até que a comissão apresente resultados efetivos, até porque as mulheres representam um percentual muito pequeno dentro do judô. “Podemos não conseguir resolver todos os problemas, mas acho que na base de conversa e de exemplo vamos ajudar muitas mulheres e minimizar alguns problemas, impedimentos e preconceitos.”

A professora e árbitra Edna Pioker de Lima manifestou satisfação ao ser convidada para integrar o novo grupo da FPJudô. “Acredito mesmo na missão da comissão, que é a de tentar apoiar, dar suporte e incentivo de forma geral a toda atleta, árbitra, oficial técnica e toda mulher que deseje praticar o judô e que enfrente alguma dificuldade seja ela psicológica, moral ou sexual”, afirmou. “Infelizmente as mulheres ainda passam por problemas de assédio, portanto, esse deve ser nosso objetivo principal, mas também vamos incentivar a iniciação do segmento feminino na prática do nosso esporte.”

Para completar, a professor Edna adiantou que as reuniões da comissão já começaram, mas ainda em forma embrionária. “Entretanto, essas ideias que a gente tem compartilhado, discutido e colocado no papel têm muita chance de funcionar na prática porque são ações que realmente poderão fazer a diferença na jornada judoística de cada uma que precisar e nos procurar.”

Soraia André César, membro da Comissão de Mulheres da FPJudô © fpjcom

A ex-atleta da seleção brasileira de judô Soraia André César declarou ter ficado muito honrada com convite para participar da comissão, antes mesmo de saber exatamente qual seria a finalidade dela. “Aceitei imediatamente, pelo fato de a proposta ter vindo da sensei Solange. Há mais de 40 anos percorremos a estrada do judô feminino e pela primeira vez temos a oportunidade de pensar o judô com este viés.

Proposta de ações

A proposta de criação da Comissão de Equidade de Gênero e Empoderamento Feminino da FPJudô estabelece diversas linhas de atuação. Uma delas é o grupo de escuta e acolhimento, que estabelecerá um protocolo específico para denúncias de assédio sexual e moral no ambiente do judô. Isso garantirá que as denúncias sejam tratadas com seriedade e imparcialidade, preservando a identidade das vítimas e oferecendo proteção contra qualquer tipo de retaliação. Medidas disciplinares serão aplicadas quando as denúncias forem comprovadas.

Edna Pioker de Lima, secretária da Comissão de Mulheres da FPJudô © fpjcom

A comissão incentivará a participação das mulheres em cargos de liderança e tomada de decisão na FPJudô. Serão criadas oportunidades de capacitação e mentorias para que as mulheres desenvolvam suas habilidades e carreiras dentro do esporte. Além disso, serão implementadas políticas que garantam que as mulheres tenham acesso aos mesmos recursos e benefícios que os homens no âmbito esportivo.

Em resumo, ao dar voz às mulheres e implementar políticas efetivas, a FPJudô posiciona-se como uma entidade comprometida com a inclusão e o respeito no esporte.

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